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No coração do Evangelho de Mt 16,13-19, o Senhor faz aos discípulos uma pergunta decisiva: “Quem vocês dizem que eu sou?” (v. 15). É a pergunta crucial que Jesus nos repete também hoje: «Quem sou eu para ti?». Quem sou eu para você, que aceitou a fé, mas ainda tem medo de se aprofundar na minha Palavra? Quem sou eu para você, que é cristão há muito tempo, mas, exausto pelo hábito, perdeu o seu primeiro amor? Quem sou eu para você, que está passando por um momento difícil e precisa se sacudir para começar de novo? Jesus pergunta: Quem sou eu para você ? Vamos dar a ele uma resposta hoje, mas uma resposta que vem do coração. Todos nós, vamos dar a ele uma resposta que vem do coração.
Antes dessa pergunta, Jesus fez outra aos discípulos: “Quem as pessoas dizem que eu sou?” (cf. v. 13). Era uma pesquisa para registrar as opiniões sobre Ele e a fama que gozava, mas a notoriedade não interessa a Jesus, não foi essa pesquisa. Então, por que ele fez essa pergunta? Para sublinhar uma diferença, que é a diferença fundamental da vida cristã. Há quem fique com a primeira pergunta, com opinião, e fale de Jesus; e há aqueles que, por outro lado, falam com Jesus, trazendo-lhe vida, entrando em relação com ele, fazendo a passagem decisiva. Isso interessa ao Senhor: estar no centro do nosso pensamento, ser o ponto de referência dos nossos afetos; ser, em suma, o amor da nossa vida. Não as opiniões que temos sobre Ele: Ele não se importa. Ele está interessado em nosso amor, se Ele estiver em nosso coração.
Os santos que celebramos hoje fizeram essa transição e se tornaram testemunhas. A passagem da opinião para ter Jesus no coração: testemunhas. Eles não eram admiradores, mas sim imitadores de Jesus, não eram espectadores, mas protagonistas do Evangelho. Eles não acreditavam em palavras, mas em ações. Pedro não falava de missão, ele vivia a missão, era pescador de homens; Paulo não escreveu livros cultos, mas as cartas viveram, enquanto viajava e testificava. Ambos dedicaram suas vidas ao Senhor e aos irmãos. E eles nos provocam. Porque corremos o risco de ficar na primeira questão: dar opiniões e opiniões, ter grandes ideias e dizer belas palavras, mas nunca nos colocarmos na linha. E Jesus quer que nos envolvamos. Quantas vezes, por exemplo, dizemos que gostaríamos de uma Igreja mais fiel ao Evangelho, mais próxima do povo, mais profética e missionária, mas então, na prática, não fazemos nada! É triste ver que tantos falam, comentam e debatem, mas poucos testemunham. As testemunhas não se perdem nas palavras, mas dão frutos. As testemunhas não reclamam dos outros e do mundo, mas começam por si mesmas. Eles nos lembram que Deus não deve ser demonstrado, mas mostrado, com o testemunho de alguém; não anunciado com proclamações, mas testemunhado pelo exemplo. Isso é chamado de “colocar a vida em risco”.
No entanto, olhando para a vida de Pedro e Paulo, pode surgir uma objeção: ambos foram testemunhas, mas nem sempre exemplares: eram pecadores! Pedro negou Jesus e Paulo perseguiu os cristãos. Mas – aqui está o ponto – eles também testemunharam suas quedas. São Pedro, por exemplo, poderia ter dito aos evangelistas: “Não escrevam os erros que cometi”, faça um Evangelho por esporte. Mas não, sua história sai nua, sai crua dos Evangelhos, com todas as suas misérias. O mesmo faz São Paulo, que em suas cartas fala sobre erros e fraquezas. É aqui que começa o testemunho: da verdade sobre si mesmo, da luta contra a própria duplicidade e falsidade. O Senhor pode fazer grandes coisas por nosso intermédio quando não temos o cuidado de defender nossa imagem, mas somos transparentes com Ele e com os outros. Hoje, queridos irmãos e irmãs, o Senhor nos desafia. E sua pergunta é a mesma: quem sou eu para você? Ele cava nisso. Por meio de suas testemunhas Pedro e Paulo, ele nos exorta a largar as máscaras, a renunciar às meias medidas, às desculpas que nos tornam mornos e medíocres. Que Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, nos ajude nisso. Que o desejo de dar testemunho de Jesus se acenda em nós.

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