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por Diác. Edson Moura
Com. São Luiz Gonzaga
Ordinariado Militar

“Dai a Deus o que é de Deus”

O Evangelho nos chama a atenção à forma de como nos comportamos em relação às realidades de Deus e as realidades do mundo.
Nosso Senhor nesta parábola nos ensinará como devemos nos comportar e de modo especial nos ensinará a subordinar a nossa vontade com a vontade do Pai, sempre prevalecendo a vontade Daquele que nos dá a vida e que nos criou à Sua imagem e semelhança.
Nos três domingos anteriores Jesus contou três Parábolas aos Sumos Sacerdotes, para apontar a dureza de seus corações, a arrogância e prepotência, mostrando a eles o seu comodismo nas suas certezas e autossuficiência, são elas: o filho que disse sim ao pai, mas que não foi trabalhar no campo (Mt 21, 28-32), os maus vinhateiros que não deram fruto e ainda mataram o filho (Mt 21, 33-46) e o convite para o banquete rejeitado pelos convidados principais (Mt 22,1-14), sabemos que Jesus tem consciência de sua missão e que ao dizer a verdade para os sumos sacerdotes está mostrando para cada um deles a dureza de seus corações, e eles insatisfeitos com a ousadia de Jesus tentam pegá-lo em contradição para acusá-lo diante das autoridades.
O Evangelho de hoje mostra a submissão dos sumos sacerdotes a Roma em relação aos impostos cobrados, que mesmo não concordando com está imposição do seu poder, ficam em silêncio, diferente da classe oprimida e revolucionária que não aceita este poder, que aliás pertence somente a Deus, mas querem impor tudo isso à força aos romanos e tudo isso foge da lógica de Jesus Cristo e sua missão. Ao irem até Jesus os saduceus e os partidários de Herodes para pô-lo à prova e questionar se é justo ou injusto o imposto, Jesus percebendo a malicia de seus corações e percebendo que seja qual for a sua resposta, a favor do imposto estaria concordando com os Romanos e com a opressão ou se contra os impostos estaria contra o Imperador, portanto um traidor, teriam pego Jesus em contradição, mas ao ver a moeda do imposto e estampada nela a figura do imperador, Nosso Senhor Jesus Cristo é categórico e deixa os seus interlocutores sem resposta “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Jesus ao dar essa resposta não quis fugir do conflito, não quis ficar neutro na situação, nem mesmo quer se envolver em política e economia, mas quis na verdade dizer que Deus está acima de todas as coisas e que nada deve se posto acima Dele, as moedas romanas têm a imagem de César: que sejam dadas a César. O homem, no entanto, não tem inscrita em si próprio a imagem de César, mas sim a imagem de Deus (cf. Gn 1,26-27: “Deus disse: ‘façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança) portanto, o homem pertence somente a Deus, deve entregar-se a Deus e reconhecê-lo como o seu único Senhor, de fato cabe ao homem também entender que não deve estar alheio ao que acontece em sua comunidade, devendo contribuir e estar atento as necessidades, mas tudo deve ficar em segundo plano e ser relativo em relação ao plano de Deus e sua vontade, até mesmo no campo da política.
Este texto do Evangelho nos ensina que o Homem pertence a Deus e devemos tê-lo como nossa referência principal e fundamental (“Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” Mt 6,33), mas muitas vezes alimentados de falsas liberdades e descobertas, procuramos encontrar o caminho da paz e da felicidade sozinhos, deixando Deus fora de nossas vidas, sendo impossível encontrar o caminho sem encontrar Jesus Caminho, Verdade e Vida, torna-se necessário reencontrar a Deus para viver esta felicidade do que viver como escravos.
Colocar a Deus como principal de nossas vidas é não criar outros “deuses” como o poder, dinheiro, clube de futebol, ascensão social e profissional, que tomem o lugar do único e verdadeiro Deus nos levando à escravidão, alienação frustração e um total sentimento de perda e falta de Deus que nunca nos abandona, mas respeita as nossas escolhas e liberdade. Colocamos ao Senhor como o principio e fim de toda a nossa vida, buscando através daquilo que passa as coisas que não passa?
Somos criados a imagem e semelhança de Deus, portanto não devemos tratar e nem ser tratados como objetos, como cristãos devemos sempre colocar a Deus em primeiro lugar, aceitando as propostas de Deus na construção de Seu Reino, o que significa também que não devemos nos desligar dos desafios do mundo, mas cumpre a nós também contribuir na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, não compactuando com “esquemas” ou qualquer situação que contribua com a escravidão do ser humano. Deus não faz acepção de pessoas e quer salvar a todos.
Que Deus nos ajude a ser sal da terra e luz do mundo.

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