Educação e futuro
por Luiz Roberto de Francisco
Dentre outras celebrações em outubro, espera-se que não passe despercebido o dia do Professor. É certo que se trata de profissão desprestigiada em uma sociedade tecnocrata, de valores ligados à acumulação de riqueza. Mas para quem a exerce é verdadeira vocação.
Sempre há quem conceitue o professor como um fracassado em outras áreas, desajustado para o mercado, desprovido das qualidades e habilidades para construir, advogar, operar ou investir, que encontrou na sala de aula o consolo de um emprego e o sustento para a família, mesmo com remuneração notoriamente aquém de outras profissões. Esta maneira de pensar é o retrato mais retrógrado do país.
Quando se pensa em futuro, o projeto político (não de poder…) deve ser de investimento na área que realmente faz a diferença: a educação. Os índices a se atingir não podem ser mínimos, como vemos hoje, devem ser altos. O professor não pode viver com uma apostila às mãos, treinando os alunos para responder questões que medem desempenho. Sai governo, entra governo e os estudantes cada vez sabem menos. Infelizmente os projetos têm sido eleitoreiros.
Só a ousadia de quem pretende governar de fato prevê a erradicação do analfabetismo. A educação precisa atingir favelas e o campo, informar os jovens, mas também oferecer formação e cidadania.
Grande parte dos problemas sociais (saúde e segurança, por exemplo) nascem da falta de modelos de adultos e ausência de perspectiva de futuro. Se os brasileiros leem pouco não são capazes de desenvolver pensamento crítico. A Filosofia e a Sociologia estão perdendo lugar para saberes que formam trabalhadores às indústrias somente.
A experiência em preparar mão de obra já passou e não vingou. Neste momento a educação deve focar na formação integral do ser humano, para os jovens conseguirem superar a pobreza e a miséria.
Adolescentes pretos e pobres não se enxergam no mesmo lugar de brancos ricos ou remediados. É triste saber que a maioria das pessoas de um país se sente desterrada em sua própria pátria!
Para a realidade mudar é preciso uma metamorfose na proposta de educação para o país. A escola deve ser obrigatória e em período integral para todos os jovens. Deve-se investir no estudo das ciências e das humanidades com a mesma força. Os estudantes devem ser desafiados todos os dias a pensar de maneira criativa, a formular hipóteses, analisar processos, fazer escolhas, mediar conflitos; devem aprender a utilizar a língua como ferramenta para se comunicar de maneira escrita ou oral. Devem se apropriar da arte como caminho para a sensibilidade e liberdade: tocar, cantar, desenhar e dançar. A cultura regional deve integrar o currículo para que os jovens entendam de que “universo” fazem parte. Desta forma resistirão à ditadura do colonialismo e do consumismo.
Mas sem professores competentes, bem pagos e tratados como elementos fundamentais ao futuro, nada disso acontecerá. A chave da educação não é o espaço bonito, mas o professor bem preparado.
Ultimamente ando muito pessimista: o que vamos comemorar no dia do Professor?