A casa comum e o ecumenismo
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por Celso Tomba

Neste domingo, 04 de outubro, dia de São Francisco de Assis, teremos o encerramento do “Tempo da Criação”, um tempo proposto pela Igreja para renovar nossa relação com nosso Criador e com toda a criação. Desde 1º de setembro, fomos chamados nos unirmos aos nossos irmãos cristãos de todas as denominações, em oração e ação pela nossa “casa comum”.
O “Tempo da Criação” teve início em 1989 por iniciativa dos cristãos ortodoxos, quando o Patriarca Ecumênico Dimitrios I proclamou o dia 1º de setembro como um dia de oração pelo meio ambiente. Desde então, o dia de oração se expandiu e contou com o importante apoio do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que congrega mais de 350 igrejas cristãs do mundo todo.
Entre os católicos, o “Tempo da Criação” ganhou impulso com o Papa Francisco. Poucos meses depois de publicar sua encíclica Laudato si’ sobre o cuidado da nossa casa comum, em 2015, Francisco acrescentou formalmente o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação no calendário católico. E, em 2019, ele convidou oficialmente os católicos a celebrarem o período completo.
O “Tempo da Criação” é um momento para refletir sobre a nossa relação com o meio ambiente e as formas pelas quais os nossos estilos de vida e nossas decisões como sociedade podem colocar em perigo o mundo e aqueles que o habitam, tanto humanos quanto outras criaturas. Neste ano, os organizadores sugeriram o tema “Jubileu pela Terra: Novos Ritmos, Nova Esperança”. Jubileu, em termos bíblicos, refere-se a um período de restauração a cada 50 anos, quando a terra descansa e a justiça é restaurada.
A “casa comum” a que se refere Francisco em sua encíclica Laudato si’ abriga todos os cristãos, católicos e não católicos. Não há como cuidar da Criação sem nos percebermos – todos – como irmãos e filhos de Deus, habitantes do mesmo planeta. E o significado do ecumenismo é esse mesmo: a percepção de que temos uma origem comum que nos aproxima e nos torna irmãos.
Na Igreja Católica, o ecumenismo ganhou força com o Papa João XXIII e seus esforços de aproximar os cristãos das diversas igrejas, incluindo-o como tema importante do Concílio Vaticano II. O Papa João Paulo II reafirmou o ecumenismo como essencial para a fé cristã na Encíclica “Ut unum sint” (Que todos sejam um), de 1995.
No Brasil, papel fundamental tem sido desempenhado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), que organiza estudos e ações para aproximar as igrejas-membro. Todos os anos, no mês de maio, o CONIC promove a Semana de Oração pela Unidade Cristã, liderada mundialmente pelo CMI e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (órgão da Igreja Católica). Em 2021, o CONIC promoverá a Campanha da Fraternidade Ecumênica, que terá como tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e como lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14).
E nós? Estamos buscando em nossos irmãos cristãos aquilo que nos aproxima? Ou continuamos insistindo no que é diferente e nos distancia? E em nossas paróquias e comunidades, o que estamos fazendo de concreto para cuidarmos de nossa “casa comum” junto com nossos outros irmãos cristãos?
Como nos lembra o Papa Francisco, “é hora de redescobrir a nossa vocação de filhos de Deus, de irmãos entre nós, de guardiões da criação. É tempo de se arrepender e de se converter, de voltar às raízes.”

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