Padre Jean Baptiste Raiberti
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O primeiro ano do Colégio São Luís em Itu foi de grandes dificuldades. Instalado no Convento Franciscano, o crescimento do número de alunos era notório, mas a estrutura precária. Foram organizados dois cursos: de primeiras letras (alfabetização, rudimentos da língua pátria, aritmética e catecismo) e de segundas letras (latim, história sagrada e outro tanto da língua portuguesa).
Os alunos eram de gente enricada e interessada na educação. Dentre os primeiros matriculados, estavam os filhos de Antonio Augusto Guaianaz da Fonseca e de Luciano Francisco de Lima, chefes políticos que conseguiram a licença para a abertura do colégio junto ao governo paulista.
O Visitador dos jesuítas reuniu os padres disponíveis, no Brasil, para suprir a demanda do internato. A par disso carecia de pessoal para organizar eventos, estudos e a espiritualidade de todos. Para tanto veio da Itália a Pernambuco, em 11 de fevereiro de 1868, o padre Jean Baptiste Raiberti. Nove dias depois chegava a Itu para cuidar da igreja de São Luís de Tolosa, cuja fachada ilustra a matéria, Ela servia de capela ao colégio e à comunidade que frequentava o catecismo e o serviço religioso oferecido pelos padres.
Raiberti nasceu na Provence (França) a 30 de dezembro de 1830. Já ordenado padre lhe veio o ardor missionário. A 7 de outubro de 1864 entrou para o noviciado jesuíta em Turim.
Foi zeloso orientador espiritual, pregador de retiros e de catecismo e bom capelão no ano em que esteve aqui. Depois, destinado a Pernambuco, esteve um tempo no colégio em Recife, mas, a pedido do Vigário Capitular e do Presidente da Província os jesuítas resolveram “enviar alguns padres para a cultura espiritual dos soldados e dos presos da Ilha Fernando de Noronha”, como afirma o padre Madureira SJ, em seus estudos. Assim Raiberti demorou cinco anos trabalhando no presídio que funcionava como colônia penal com trabalhos forçados, seja para militares ou civis. A eles o bom homem e seus companheiros ensinavam catecismo, celebravam missa e confessavam presos e soldados. Procuravam, assim, amenizar a falta da família e conquistar aquelas almas embrutecidas.
Mas a política pernambucana mudou e se voltou contra os jesuítas. Raiberti e seus colegas foram presos e depois expulsos da região pelo governo liberal.
Em 1875 o encontramos de volta a Turim e, no ano seguinte, nos Estados Unidos para a missão aberta em North Yakima, próxima a Washington; ainda havia indígenas na região. Raiberti foi o primeiro capelão da Academia de São José, sede da missão. Seu colega, padre Ruellan o descreve como um homem de aparência simples, com rosto santo. “Muitas vezes eu o encontrava na estrada, montado no velho cavalo branco (…) desfiando o rosário, alheio ao mundo. Seu corpo era tão frágil que os amigos temiam que falecesse a qualquer momento.” Mas ele ainda viveu vinte e quatro anos de alegria missionária, entre indígenas e meninos pobres. Faleceu a 1º de setembro de 1899.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

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