A origem do memorial do  Apóstolo Paulo
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por Evandro Antônio Correia

Dia 29 de junho celebramos a solenidade de são Pedro e são Paulo. Para comemorar a festividade iniciaremos uma série de artigos sobre o lugar da sepultura do apóstolo Paulo e os acontecimentos relativos aos primeiros cristãos. Então, vamos pra Roma…!
A Basílica de São Paulo Extramuros (Fora das Muralhas), a segunda por grandiosidade dentre as igrejas romanas, foi construída sobre um cemitério na via Ostiense ao sul da Pirâmide Céstia e da atual Porta San Paolo (antiga Porta Ostiense). É uma região plana e alagadiça que compreende a margem esquerda do rio Tibre (onde ele faz uma grande curva após passar as muralhas) e o lado oeste da colina do atual bairro da Garbatella, chamada alí de «rochedo de San Paolo».
Paulo de Tarso foi julgado e condenado durante a perseguição de Nero. Sua execução (por decapitação, pois era «cidadão romano») ocorreu em Roma, na localidade «ad Aquas Salvias», no ano 67. Seu corpo foi sepultado no cemitério mais próximo, chamado de «Lucina». Esta área, que pertencera à essa nobre matrona romana, já no século I tinha se transformado em «lugar de sepulturas». E, os cemitérios («loca sepulchra») protegidos pelo direito romano, ofereciam refúgio e segurança, de tal modo que os cristãos podiam se reunir sem serem molestados; e o túmulo de Paulo também foi lugar desses encontros. Um importante testemunho acerca do lugar da deposição dos restos mortais de Paulo (bem como de Pedro) nos oferece Papa Anacleto (80-92), que mandou erguer sobre as sepulturas uma «edícula funerária», em memória dos dois Apóstolos, como narrou o grande historiador eclesiástico Eusébio de Cesaréia: «se quiseres se dirigir sobre o Vaticano e sobre a Via Ostiense encontrareis os troféus dos fundadores desta Igreja». Lembro que a Roma, aqui narrada, era aquela do ano 200.
Do cemitério de Lucina se sabe que era pequeno e que próximo a ele existiram outros dois: as catacumbas de «Comodilla» (na colina acima do rochedo) e o cemitério de são Timóteo (também na via Ostiense, ao lado do atual parque Schuster). Reza a tradição que ali também foram sepultados alguns mártires cristãos como santa Basilissa e o próprio são Timóteo, militar romano (que dá nome ao cemitério). As relíquias desses mártires, juntamente com outros encontrados, foram posteriormente transferidas e tumuladas na basílica paulina.
Por hora, façamos um salto no tempo, vamos para o período pós perseguições. Informações e tradições chegaram até nós pelo fato dos cristãos encaminharem, aos imperadores, petições de benefícios em favor da religião. Papa Silvestre I em 320, pediu a Constantino a munificência imperial para a construção da primeira basílica ao «beato Paulo apóstolo». Ainda modesta, nos moldes de templo pagão, tinha a porta direcionada para a via Ostiense e o dorso absidal para o rio Tibre. Deste período da construção da basílica constantiniana chegou até nós a lapide sepulcral, datada do final do século IV que traz a inscrição PAVLO APOSTOLO-MART. Documento de fundamental importância para indicar a presença dos restos mortais de s. Paulo na via Ostiense.
Até mais!

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