A história de Itu através d’A Federação
Compartilhe

por Prof. Luís Roberto
de Francisco

A história da cidade se tornou consagrada na obra de Francisco Nardy Filho (1879 – 1959) que, ao longo de trinta e cinco anos publicou onze livros reunindo crônicas escritas em jornais de Itu e São Paulo. A data de seu nascimento, 11 de março, é celebrada anualmente pela escola estadual que leva seu nome, no Rancho Grande.
A visão sobre o passado, proposta por Nardy, não corresponde ao nosso tempo, afinal hoje temos outros questionamentos e pontos de vista. Porém ele nos oferece informações importantes, de arquivos que desapareceram, como o da antiga Câmara de Vereadores de Itu, incendiado em 1985. Desta forma, o autor se tornou uma fonte primária.
Nardy Filho iniciou a sua publicação de crônicas históricas e de costumes através d’A Federação a partir de 21 de maio de 1905, ou seja, nas primeiras edições do periódico; àquele tempo ele escrevia sobre educação e questões religiosas, preocupações de quem atuava como professor. Ao transferir-se para São Paulo, Nardy assumiu a direção do Arquivo da Cúria Metropolitana, fonte riquíssima de informações sobre a história das vilas e cidades paulistas.
Há exatos cem anos Nardy voltou a publicar neste jornal escrevendo sobre a história de Itu. A série “glórias da minha terra” saiu em oito edições entre dezembro de 1921 e 08 de abril de 1922 e é justamente a primeira parte do volume inicial das quatro edições de “A Cidade de Ytu”, impresso em 1928 nas “Escolas Profissionais Salesianas”. Com essa obra Nardy se tornou uma referência para a escrita da história ituana, apoiando-se em documentação de arquivos públicos e discutindo temas e conceitos ao corresponder-se com membros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, dentre eles Afonso d’Escragnolle Taunay.
Antes destes artigos, a origem da cidade de Itu estava na elevação da capela curada de Nossa Senhora Candelária à condição de paróquia, em 1657. Nardy, porém, apresentou data mais antiga. Segundo ele, em 1610 Domingos Fernandes e Cristóvão Diniz alcançaram autorização do prelado do Rio de Janeiro para a construção da primitiva capela à padroeira. Não revelou o teor do documento, mas assim ficou e por isso celebramos os quatrocentos anos da cidade em 2010. Esta informação saiu primeiro n’A Federação…
Graças ao trabalho do editor Mylton Ottoni da Silveira e do Prof. Ignaldo Cassiano da Silveira Lepsch, a obra Nardyana foi republicada há vinte anos, incluindo artigos desconhecidos dos leitores, encontrados em velhos jornais.
A importante produção de Nardy Filho pode ser melhor conhecida através da leitura das cartas que trocou com o escritor Euclydes de Marins e Dias, recentemente publicadas pela Academia Ituana de Letras. É um precioso acervo que revela os bastidores de seus últimos livros.
A vida mais que centenária d’A Federação, testemunho da memória local que semanalmente chega às nossas casas, é uma dádiva não só pelo papel que ainda exerce, de difusão da vida religiosa da cidade, mas também pela divulgação da história e da cultura de Itu.