2º Domingo do Tempo Comum – Anos Iniciais
por Nilo Pereira
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.
1ª Leitura (Isaias 62,1-5)
Qual o amor mais sublime que une duas pessoas? O amor da mãe pelo filho – pensam muitos. Não, não é esse. É o amor do esposo pela esposa. Eis porque Deus, para descrever seu imenso amor pelo povo de Israel, não podia deixar de usar esta imagem do amor conjugal.
No trecho do profeta Isaías, Jerusalém é comparada a uma esposa, chamada com nomes estranhos: a “Abandonada”, a “Devastada”.
Acontece assim também às moças mais lindas que, aos poucos, vão perdendo os deslumbrantes encantos da juventude. Esvai-se a fascinação por causa da idade, das doenças. Jerusalém era como uma jovem esplendorosa, mas foi infiel ao seu esposo (o Senhor), ofereceu suas graças a muitos amantes (os deuses dos assírios e babilônios) e estes, depois de terem abusado dela, abandonaram-na na sua humilhação.
Como se comportam os maridos com suas mulheres quando são abandonados por elas? Não as recebem de volta de maneira alguma; geralmente nem querem mais vê-las. O amor de Deus, porém, não é inconstante e frágil como o dos homens. Não obstante as traições, ele nunca repudia sua esposa. O profeta prometeu ao povo desanimado: Jerusalém receberá um novo nome, será chamada: “a minha predileta”.
O que aconteceu à “esposa Jerusalém” é uma imagem do que ocorre a cada ser humano quando se torna infiel a Cristo. Os ídolos (bens materiais, sexo, poder, glória, etc.) nos quais depositamos tantas esperanças, revelam-se logo como amantes exploradores.
Deus não ama a sua esposa porque ela é bonita, mas amando-a a torna bela; não a castiga, não a abandona por causa de suas traições, mas a torna fiel pelo seu amor infalível.
2ª Leitura (1 Coríntios 12,4-11)
“Carisma” significa “dom gratuito de Deus”, mas na comunidade de Corinto reinava uma confusão muito séria justamente por causa dos carismas. Ao invés de colocá-los para o serviço da comunidade, alguns os usavam para impor-se, para se mostrar superior aos demais. Por causa dos carismas tinham surgido invejas, ciúmes, discórdias. Paulo sentiu-se na obrigação de interferir e, na leitura de hoje, ele expõe algumas orientações.
Há – diz ele – muitos carismas (vers.4-6). São diferentes, mas todos procedem do único Pai, do único Espírito e de Cristo; se provocam divisões, discórdias, desordens, então é sinal que são usados para o mal.
Ninguém está privado dos dons de Deus: a cada um é comunicado um carisma: “para o bem comum”, para que seja colocado a serviço dos irmãos (vers.7). A diversidade dos carismas é providencial: permite o enriquecimento espiritual da comunidade. Seria agradável um banquete no qual fossem servidas bebidas finas, mas faltassem as iguarias? Da mesma forma a comunidade cristã, que é rica e bonita porque o Espírito esparramou nela e a cumulou com muitos e diversos dons.
Nem todos os carismas têm a mesma importância. Como podem ser classificados? A sua importância não é medida pelo prestígio, pela honra, pelos privilégios, pela autoridade que conferem, mas pela utilidade que proporcionam à comunidade.