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1ª Leitura (Sofonias 3,14-18a)
Este profeta viveu num dos períodos mais difíceis da história de Israel. Em Jerusalém todos estão imersos na corrupção: o rei, sacerdotes, profetas, juízes; o povo abandonou a fé e traiu o seu Deus.
Que fazer em tal situação? Sofonias não encontra alternativa: começa por ameaçar catástrofes: o dia do castigo está chegando, “dia de ira, angústia, aflição, ruína, extermínio, de trevas e escuridão, dia de nuvens e névoas espessas, dia de trombeta e alarme” (Sf 1,15-16).
Depois, inopinadamente, eis que surge a profecia relatada nesta leitura. A mudança de tom é tão evidente quanto inesperada e inexplicável. O que aconteceu, o que mudou em Jerusalém? Terá o povo se convertido, mudado de vida, feito penitência? A razão é outra: O Senhor “revogou a condenação”. Jerusalém foi uma esposa infiel, é verdade, traiu o seu Deus, mas este não a expulsará de casa para sempre.
A “ira de Deus” não se desencadeia contra o pecador, mas contra o pecado. Deus não castiga os homens. São os próprios homens que, praticando o mal, castigam-se a si mesmos e ficam reduzidos a uma situação desastrosa, da qual não conseguem mais sair (e, muitas vezes, nem mesmo querem sair).
O profeta Sofonias anuncia a vitória do amor de Deus sobre o pecado e a transformação radical da situação social, política e religiosa. Eis o motivo pelo qual conclama todos os pobres do país a alegrarem-se.
Esta profecia é importante também, porque Lucas emprega-a para descrever a anunciação feita a Maria. As expressões: “alegra-te”, “não temas”, “o Senhor está contigo”, são as mesmas que o anjo dirigirá a Maria. Lucas anuncia que essa profecia se realizou em plenitude com a encarnação do Filho de Deus. Em Jesus de Nazaré, Deus veio de fato habitar com o seu povo, trouxe a salvação com a qual proporcionou a plenitude da felicidade.

2ª Leitura (Filipenses 4,4-7)
Quando Paulo escreve sua carta para a comunidade de Filipos, encontra-se na prisão em Éfeso, perseguido por causa do Evangelho. Teria, pois, todos os motivos para estar abatido, no entanto, na sua carta volta o convite para a alegria, como um refrão.
Por que insiste tanto na alegria? O motivo não é o sucesso na sua vida, a saúde em perfeito estado, a abundância de bens materiais, a falta de preocupações, mas sim a certeza de que nada que acontece está fora do plano de Deus e que a vida de cada homem terá um final feliz.
Nós também, às vezes nos sentimos como prisioneiros e escravos dos nossos pecados, pagamos pesadamente pelas conseqüências dos erros cometidos, ficamos tristes e imaginamos que nunca mais conseguiremos nos libertar.
Pode ser que nos sintamos oprimidos por fardos insuportáveis, ou quem sabe, estejamos sendo vítimas de injustiças e de afrontas que nos privam da alegria de viver.
Paulo nos repete: “Alegrai-vos porque o Senhor está próximo!”