Jesus Cristo, Nossa Esperança XI A Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo de hoje
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Nas catequeses do Ano Jubilar, até este momento, percorremos a vida de Jesus seguindo os Evangelhos, desde o seu nascimento até sua morte e ressurreição. Assim, a nossa peregrinação na esperança encontrou seu fundamento sólido, seu caminho seguro. Agora, na última parte dessa caminhada, deixaremos que o mistério de Cristo, culminante na Ressurreição, liberte a sua luz de salvação em contato com a realidade humana e histórica atual, com suas interrogações e desafios.
A nossa vida é marcada por inúmeros acontecimentos, cheios de nuances e experiências diversas. Às vezes, sentimos alegria; outras, tristeza; momentos de realização, de tensão, de gratificação ou desânimo. Vivemos atarefados, concentrados em alcançar resultados e, por vezes, atingimos metas elevadas e prestigiadas. Outras vezes, porém, sentimo-nos suspensos, inseguros, à espera de sucessos e reconhecimentos que demoram a chegar — ou que nunca chegam. Em síntese, vivemos uma situação paradoxal: desejamos ser felizes, mas é muito difícil sê-lo de modo contínuo e sem sombras. Deparamo-nos com nossos limites e, ao mesmo tempo, com o ímpeto irreprimível de querer superá-los. No íntimo, sentimos que sempre nos falta algo.
Na verdade, não fomos criados para a falta, mas para a plenitude, para rejubilar com a vida — com a vida em abundância, segundo a expressão de Jesus no Evangelho de João (cf. Jo 10,10).
Esse anseio profundo do nosso coração encontra sua resposta última não nos papéis, nem no poder, nem no ter, mas na certeza de que existe alguém que se faz garantia desse impulso constitutivo da nossa humanidade; na consciência de que essa espera não será frustrada nem decepcionada. Essa certeza é a própria esperança. Não se trata apenas de pensar de modo otimista — muitas vezes o otimismo nos desilude e faz implodir as expectativas —, mas de crer que a esperança promete e cumpre.
Irmãs e irmãos, Jesus Ressuscitado é a garantia dessa meta! Ele é a fonte que sacia a nossa aridez, a sede infinita de plenitude que o Espírito Santo instila em nosso coração. De fato, a Ressurreição de Cristo não é um simples acontecimento da história humana, mas o evento que a transformou desde dentro.
Pensemos numa fonte de água. Quais são as suas características? Ela sacia e refresca as criaturas, irriga a terra e as plantas, tornando fértil e vivo o que, de outra forma, permaneceria árido. Refresca o viajante cansado, oferecendo-lhe a alegria de um oásis revigorante. A nascente é uma dádiva gratuita para a natureza, para as criaturas, para os seres humanos. Sem água, não há vida!
O Ressuscitado é a fonte viva que nunca se esgota nem se corrompe. Permanece sempre pura e pronta para quem quer que tenha sede. E quanto mais saboreamos o mistério de Deus, tanto mais nos sentimos atraídos por Ele, sem jamais nos saciarmos completamente. No décimo livro das Confissões, Santo Agostinho expressa esse anseio inesgotável do coração humano no célebre hino à beleza:
“Infundiste a tua fragrância, e respirei e suspiro por ti; provei, e tenho fome e sede; tocaste-me, e ardi de desejo pela tua paz” (Confissões, X, 27, 38).
Com sua Ressurreição, Jesus nos garantiu uma fonte permanente de vida: Ele é o Vivente (cf. Ap 1,18), o amante da vida, o vencedor sobre toda a morte. Por isso, é capaz de nos oferecer descanso ao longo do caminho terreno e de nos assegurar a perfeita quietude na eternidade. Só Jesus morto e ressuscitado responde às perguntas mais profundas do nosso coração: existe realmente um ponto de chegada para nós? A nossa existência tem sentido? Como pode ser resgatado o sofrimento de tantos inocentes?
Jesus Ressuscitado não nos dá uma resposta “do alto”, mas torna-se nosso companheiro nessa viagem, muitas vezes cansativa, dolorosa e misteriosa. Só Ele pode encher o nosso cantil vazio quando a sede se torna insuportável.
E Ele é também o ponto de chegada da nossa caminhada. Sem o seu amor, a viagem da vida se tornar um perambular sem rumo, um erro trágico com destino fracassado. Somos criaturas frágeis! O erro faz parte da nossa humanidade; é a ferida do pecado que nos faz cair, renunciar, desesperar. Ressuscitar, ao contrário, é levantar-se e pôr-se de pé. O Ressuscitado garante a meta, conduz-nos para casa, onde somos esperados, amados e salvos. Caminhar com Ele ao nosso lado é experimentar que somos sustentados, apesar de tudo, saciados e revigorados nas provações e nas fadigas que, como pedras pesadas, ameaçam bloquear ou desviar a nossa história.
Caríssimos, da Ressurreição de Cristo brota a esperança que nos faz saborear, mesmo em meio ao cansaço da vida, uma profunda e serena alegria: aquela paz que só Ele poderá nos conceder no fim — e sem fim.