5º Domingo da Quaresma
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Leituras iniciais do Quinto Domingo da Quaresma

1ª Leitura (Jeremias 31,31-34)
Nesta leitura é apresentado um dos trechos mais famosos de todo o Antigo Testamento: o anúncio de que Deus um dia estabelecerá uma nova aliança com o seu povo.
Depois dos tétricos anos do reinado de Manassés, caracterizado pela corrupção religiosa, Josias torna-se rei. É ainda uma criança, mas ao crescer revela-se um homem muito piedoso e inicia uma profunda reforma religiosa. Jeremias vive nesse período, dá a impressão de estar de acordo com as escolhas do jovem soberano.
São despertadas em todos, as esperanças adormecidas de um renascimento espiritual, e por que não, também político da nação; Israel poderia voltar a ser um povo unido e poderoso como nos tempos de Davi e Salomão.
Um acontecimento que Jeremias considera muito elucidativo: cem anos antes, as tribos do norte foram aniquiladas pelos exércitos assírios. Por que – pergunta-se ele – Deus permitiu semelhante desgraça?
Na primeira parte da leitura (vers.31-32), o Senhor responde a essa pergunta e diz: o reino do norte foi destruído por causa de sua infidelidade à aliança. E agora, o que Deus decidirá fazer?
A segunda parte do trecho nos diz (vers.33-34): estabelecerá uma nova aliança, diferente das anteriores. Em que sentido será diferente?
Diferente porque os mandamentos não mais estão gravados na pedra, mas na parte mais íntima do homem: no coração. É o próprio Espírito de Deus que tomou posse do nosso coração. Quem recebe esse espírito pode vencer todas as tentações, mesmo aquelas que parecem humanamente insuperáveis.
E quando se realizará essa profecia? Começou na Páscoa de Cristo, quando ele morrendo e entrando na glória do Pai, enviou o seu Espírito, a sua força. A partir daquele dia, a lei de Deus foi gravada em nosso coração. Por que então, continuamos praticando o mal?

2ª Leitura (Hebreus 5,7-9)
Quando nos referimos a Cristo, muitas vezes incidimos no erro de considerá-lo somente como Deus. A Carta aos Hebreus categoricamente afirma que Jesus não fingiu ser homem, é um homem de verdade e passou através de todas as dificuldades e tentações que cada um de nós deve enfrentar. A única diferença é que ele nunca se deixou vencer pelo mal e se manteve sempre fiel ao Pai, ao passo que nós, muitas vezes fraquejamos.
O trecho de hoje se detém, sobretudo, na reação experimentada por Cristo diante do sofrimento e da morte (vers.7). Orou, sentiu a necessidade de invocar o Pai para descobrir a sua vontade e para ter a força de cumpri-la.
A leitura prossegue dizendo que “Cristo, embora sendo filho, aprendeu, através das dores suportadas, como é duro obedecer” (vers.8). Trata-se de expressões belíssimas. Jesus não é como aqueles senhores que vivem em seus palácios e de lá emanam ordens sem saber quantas lágrimas derramam e quantos sofrimentos devem suportar os seus súditos; tornou-se seu companheiro de viagem, percorreu primeiro o caminho difícil da humilhação e da morte.
É por essa razão que o discípulo pode confiar nele quando recebe o convite para segui-lo.