Quando descobrimos o verdadeiro rosto do Pai, a nossa fé amadurece
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No Evangelho de Mc 1, 29-39 Jesus mostra-se em movimento: com efeito, Ele acaba de pregar e, tendo saído da sinagoga, vai à casa de Simão Pedro, onde cura a sogra; depois, ao cair da tarde, sai de novo à porta da cidade, onde encontra muitos doentes e possessos e cura-os; na manhã seguinte, levanta-Se cedo e retira-se para rezar; por fim, põe-Se de novo a caminho através da Galileia (cf. Mc 1, 29-39). Jesus em movimento.
Detenhamo-nos neste movimento contínuo de Jesus, que nos diz algo importante sobre Deus e, ao mesmo tempo, nos interpela com algumas perguntas sobre a nossa fé.
Jesus que sai ao encontro da humanidade ferida mostra-nos o rosto do Pai. É possível que dentro de nós ainda exista a ideia de um Deus distante, frio, indiferente ao nosso destino. O Evangelho, pelo contrário, mostra-nos que Jesus, depois de ter ensinado na sinagoga, sai para que a Palavra que anuncia possa chegar, tocar e curar as pessoas. Ao fazê-lo, revela-nos que Deus não é um mestre distante que nos fala do alto; pelo contrário, é um Pai cheio de amor que se aproxima, que visita as nossas casas, que quer salvar e libertar, curar de todos os males do corpo e do espírito. Deus está sempre próximo de nós. A atitude de Deus pode ser expressa em três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Deus que se aproxima para nos acompanhar, terno, e para nos perdoar. Não vos esqueçais disto: proximidade, compaixão e ternura. É esta a atitude de Deus.
Este caminhar incessante de Jesus interpela-nos. Podemos interrogar-nos: descobrimos o rosto de Deus como Pai de misericórdia, ou acreditamos e proclamamos um Deus frio, distante? A fé dá-nos a inquietação do caminho ou é para nós uma consolação íntima que nos deixa tranquilos? Rezamos apenas para sentirmo-nos em paz, ou a Palavra que ouvimos e pregamos leva-nos também, como Jesus, a ir ao encontro dos outros para difundir a consolação de Deus? É bom que nos interroguemos sobre estas questões.
Olhemos, então, para o caminho de Jesus e recordemos que o nosso primeiro trabalho espiritual é este: abandonar o Deus que julgamos conhecer e converter-nos diariamente ao Deus que Jesus nos apresenta no Evangelho, que é o Pai do amor e o Pai da compaixão. O Pai que é próximo, compassivo e terno. E quando descobrimos o verdadeiro rosto do Pai, a nossa fé amadurece: deixamos de ser “cristãos de sacristia”, ou “cristãos de salão”, mas sentimo-nos chamados a ser portadores da esperança e da cura de Deus.
Que Maria Santíssima, Mulher a caminho, nos ajude a anunciar e a testemunhar o Senhor próximo, compassivo e terno.