Olhar menos para o espelho e mais para a janela
por Celso Tomba
Neste mês de outubro, a Igreja nos convida a celebrar as missões, a “Igreja em saída”, o movimento de ir ao encontro de quem precisa da presença de Deus em sua vida, seja pela divulgação de sua Palavra ou de ações que ela nos inspira e de que as pessoas tanto necessitam. Para o Mês Missionário deste outubro de 2020, o tema escolhido foi “A vida é missão”, com o lema “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8).
O Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões – que será celebrado no próximo dia 18 – lembra que, em função da pandemia de coronavirus e da necessidade de isolamento social, “estamos verdadeiramente assustados, desorientados e com medo. Dor e morte nos fazem experimentar nossa fragilidade humana, mas, ao mesmo tempo, têm nos feito reconhecer como participantes de um forte desejo de vida e de libertação do mal.” É nesse contexto que o chamado de Deus ganha ainda maior importância. “O chamado à missão, o convite para sair de si mesmo por amor a Deus e ao próximo, apresenta-se como uma oportunidade de partilha, serviço e intercessão. A missão que Deus confia a cada um de nós, faz-nos passar do ego medroso e fechado ao ego encontrado e renovado pelo dom de si.”
Em outras palavras – estas do padre Maurício Jardim, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) – “neste tempo, somos convidados a olhar menos para o espelho e mais para a janela, onde o mundo precisa de nós”. Passar do ego medroso e fechado para o ego de quem se reconhece e se identifica como Filho de Deus e irmão de toda humanidade. E que se renova como imagem e semelhança de Deus ao ir ao encontro e se colocar a serviço do outro.
“Deus continua a procurar a quem enviar ao mundo e aos povos para testemunhar seu amor, sua salvação do pecado e da morte, sua libertação do mal.” (Papa Francisco)
A missão é uma resposta livre e consciente ao chamado de Deus. Mas, como nos lembra Francisco, “discernimos esse chamado apenas quando vivemos uma relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja.” E ele pede que perguntemos a nós mesmos: Estamos prontos? “Essa disponibilidade interior é muito importante para responder a Deus: ‘Eis-me aqui, Senhor, envia-me’ (Is 6, 8).” E isso precisa ser respondido não de forma abstrata, mas na Igreja e na história de hoje.
“A Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, continua a missão de Jesus na história e nos envia para todos os lugares para que, por meio do nosso testemunho de fé e do anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e, assim, possa tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todos os lugares e épocas” – diz Francisco.
“A vida é missão.” E, como a vida, a missão não para, mesmo em tempos de pandemia. Ela é permanente. Ao olharmos através de nossas janelas, precisamos reconhecer nosso irmão que precisa de nossa presença, de nosso apoio e de nossa ajuda, como presença verdadeira de Deus em sua vida, não importa onde ele esteja.
Precisamos ouvir o chamado de Deus e ir ao encontro de quem precisa de nós. Estamos prontos?