A espiritualidade do padre Taddei (II)
Continuando o que vimos na semana passada, sobre a espiritualidade do padre Taddei, neste artigo vamos contemplar alguns trechos de cartas que trocou com uma penitente santista. Através delas, vemos como ele conseguia despertar, nos membros do Apostolado da Oração, a confiança na vontade de Deus e na Sua misericórdia com a convicção de que elas transformam o cristão em pessoa forte, preparada para todas as situações.
Vejamos este trecho: “a vida espiritual nasce na terra do sacrifício, cresce com o sacrifício e chega à perfeição por meio do sacrifício. Não podemos e nem devemos sair deste santo caminho”. O que mais é a devoção ao Sagrado Coração que vivenciar o sacrifício de Jesus na Cruz comprometendo-se com o próximo pela oração? O Cristianismo é um caminho para a alegria interior. É recusa constante do luxo e do excesso porque o amor basta. Assim viveram os grandes santos. Assim viveram missionários como o padre Taddei. Dizia ele: “fora com a tristeza, que é o inverno das almas, amortalhando completamente a nossa vida”.
Missionários como Taddei cuidam de doentes e pobres, preferem estar no confessionário a descansar ou deleitar-se com o que a vida oferece de melhor. A lógica dessa existência quase não cabe nos dias de hoje. Quem quer anular sua vontade, seus interesses pessoais, a ascensão profissional, a carreira e um alto salário em função do bem espiritual dos outros?
E de onde nasce essa opção de vida cheia de luz? Ela nasce da espiritualidade diária, como um exercício que se faz para regenerar um membro do corpo que está doente, um braço quebrado, por exemplo. Dizia Taddei: “a perfeição das virtudes não se alcança em um dia, Deus quer o nosso trabalho na correspondência às Suas graças.” O exercício de espiritualidade deve ser constante.
Um dos grandes males do nosso tempo é o medo do silêncio e da meditação. Muita gente não consegue caminhar sem ouvir música ou notícias, sempre apegada aos fones de ouvido. Não pode estar no automóvel ou em casa simplesmente ouvindo a si mesmo; é preciso ligar a televisão ou o rádio. O barulho, a música alta, a ocupação constante com questões do dia a dia parecem fugas a quem não consegue viver plenamente a existência interior.
Conversar com Deus no silêncio interior é uma prática que Taddei sugeria: “ao Coração de Jesus deveis recorrer, com Ele deveis conversar, especialmente quando alguma nuvem obscurecer vosso espírito.”
São recomendações de um homem que viveu 75 anos, convicto de sua missão: fazer o bem, levar as pessoas a superar as dificuldades através do amor de Jesus, pensando em questões como esta: “o que vale este mundo? Correm os anos e como um relâmpago tudo acaba. O amor de Deus é só o que vale e valerá para a eternidade.”
Pena o padre Taddei ter trabalhado tanto e escrito pouco. Quanto valeriam as suas meditações hoje!
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”