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por Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior
Bispo de Registro

O fundamento de todas as vocações está no amor: amor de Deus por nós. Quando nos sentimos vocacionados também nos sentimos amados, chamados para uma missão e chamados para amar. Amor se corresponde com amor. Todas as vocações estão incluídas neste amor. Seja para o matrimônio, para a vida leiga missionária ou para a vida consagrada e sacerdotal.
Neste texto, quero falar aos vocacionados à vida ministerial. Deus conhece o nosso coração, nossa generosidade e as nossas feridas e pecados. Os vocacionados ao sacerdócio e à Vida consagrada, não são pessoas mais perfeitas do que as outros que não se sentem chamadas a estes ministérios.
Talvez até, Deus nos chamou ao ministério, porque sabendo de nossas fraquezas, achou um jeito de nos salvar e nos tornar mais felizes. Deus nos incluiu no processo de salvação.
A vocação necessita ser cuidada e cultivada. Não acredito na ideia de que fomos chamados e pronto, estamos seguros. A vocação não é assim. Sim, somos chamados um dia, através de uma experiência profunda de encontro com Deus, porém, precisamos todos os dias ou de tempos em tempos, novas experiências de encontro e intimidade, para não perder a alegria de estar com o Senhor e ouvir constantemente o seu chamado. Neste sentido, a vocação se ganha e se perde, se não for cultivada.
No Evangelho, encontramos claramente o sentido da missão de Pedro. Ele é fruto do amor. No Evangelho de João vemos Jesus perguntar a Pedro por três vezes: “Simão Pedro tu me amas? Apascenta os meus cordeiros” (Cf. Jo, 21, 15-23). Jesus poderia ter perguntado a Pedro, depois da ressurreição, porque Pedro o teria traído, ou porque Simão Pedro não teve coragem de dizer que era seu discípulo. Mas não, “Simão Pedro tu me amas?” é a pergunta que Jesus faz sempre a cada vocacionado(a).
O amor para ser de verdade, necessita de alguns fundamentos:
1.O amor exige proximidade e intimidade: o vocacionado sem oração pessoal e comunitária não se sustenta na vocação. Muitos abandonam seus ministérios e as suas vocações por falta de oração e intimidade com Deus. E quando alguém abandona, pode saber, já faz tempo que não reza;
2.O amor exige perseverança e fidelidade: Nós sabemos que na Bíblia encontramos a fidelidade de Deus para com seu povo, mas nem sempre de seu povo para com Deus. Facilmente, nós podemos abandonar a Deus. Buscar deuses que nos satisfaçam, mas que não nos levam à verdadeira felicidade.
Constantemente temos saudades das cebolas do Egito e queremos voltar à vida antiga, quando não cultivamos a fidelidade. É preciso manter o caminho certo, mesmo que outros caminhos nos pareçam mais atraentes;
3.O amor exige inclusão: pelo amor senti-me amado e por isso quero levar outras pessoas a fazerem a mesma experiência que fiz. Sei que fui “misericordiado” por Deus, por isso, apesar dos pecados e limites meus e dos outros, quero incluí-los na misericórdia de Deus para que participem comigo da mesma experiência;
4.O amor exige renúncias: Quando somos amados por alguém, temos que renunciar a outros amores. É preciso escolher o amor que mais me satisfaz e me torna mais feliz, o amor mais profundo e verdadeiro em minha vida;
5.O amor exige paixão: Estar sempre apaixonado pela pessoa amada. O vocacionado, bispo, padre, religioso(a), seminarista, leigo(a) deve estar sempre apaixonado pelo Cristo e pelo Reino de Deus. É a paixão por Deus e pela sua causa, no caso, a evangelização. Dizia São Paulo: “Ai de mim se eu não evangelizar. O amor jamais passará”.
Com esta simples reflexão, neste mês vocacional, quero perguntar a você: sua resposta vocacional está valendo a pena? Você está correspondendo ao chamado amoroso que Deus te fez?
Se não está, ainda dá tempo de retornar ao primeiro amor e cultivá-lo em sua vida. Siga em frente, vale a pena!

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