O apelo continua
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por Altair José Estrada Júnior
Cadeira nº12 – Patrono Prof. José Leite Pinheiro

O mês de julho sempre foi um mês especial para os ituanos. Nele acontece a festa de Nossa Senhora do Carmo, uma das celebrações mais piedosas, tradicionais e envolventes da nossa cidade. Piedosa porque repleta de significado, portadora de uma mensagem de amor e predileção de Nossa Senhora para com seus filhos. Tradicional porque remonta mais de três séculos em nossa Itu. Envolvente… porque capaz de nos transportar a um tempo diferente, distante até, que muitas vezes nem chegamos a viver. Um tempo em que a religião era praticada com muito mais amor e seriedade.
Ao ouvirmos tangerem festivos os sinos da velha igreja do Carmo todas as noites, a sensação que temos é que naquele momento toda a cidade pára. Não existe diferença de tempo; não houve mudança alguma nos costumes; a cidade não cresceu e o secularismo, marca dos nossos dias, ainda não ousou tocar ninguém.
Afinal, os sons são os mesmos…, que são igualmente levados aos ouvidos de cada um pelos frios ventos de julho, que parecem subir ao cume das centenárias palmeiras imperiais do largo do Carmo para torná-los ainda mais sonoros.
E todo aquele que se dirigir ao vetusto templo, de quase trezentos anos, encontra a mesma imagem, imponente, amável, cativante, da Virgem do Monte Carmelo – da Senhora do Carmo, sentada, com o Menino nos braços. E sem muito esforço nota que aquele seu olhar, cândido e singelo, está a lhe transmitir a mesma mensagem de paz, de esperança, de serenidade e confiança em Deus. Como outrora, ela está a apresentar-nos o Santo Escapulário, sinal de sua benevolência e garantia de salvação para nós, seus filhos.
Então, procuramos a explicação do porquê o homem mudou?… E não a encontramos. Ano a ano, mês a mês, dia a dia Nossa Senhora está ali. Está junto de cada um, soprando nos ouvidos um perene apelo de conversão, de retorno a seu Filho Divino. Mas a humanidade está surda a essa voz, distraída com os “barulhos” de sua época.
Por que só o homem mudou? Por que se julga tão autossuficiente quando se mostra cada vez mais frágil, vulnerável aos embustes e obstáculos do mundo?
Sim, só o homem mudou! Nada mais. Só ele adaptou o mundo ao seu próprio gosto, à sua própria conveniência. Só ele adaptou aos seus desvarios a moral, os costumes, os valores. Só ele adaptou a si a religião… e o próprio Deus, se é que ainda reserva algum lugar para Ele.
Nossa Senhora do Carmo, que já deu provas suficientes de que não se deixa vencer nessa missão, mais uma vez seja ela a guiar a todos ao verdadeiro encontro com Deus. Que cada um seja capaz de vencer-se a si mesmo, resgatando os verdadeiros valores que sempre nortearam a vida do povo ituano, que venera a Virgem do Carmo desde os seus primórdios. Que a Rainha, Mãe e Esplendor do Carmelo abençoe a todos!

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