Papa Francisco: “a política é a arte do encontro, da reflexão e da ação”
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Em um encontro no Vaticano, em maio deste ano, o Papa Francisco fala aos membros da Fraternidade Política “Chemin Neuf” e os convida a “viverem o encontro político como um encontro fraterno”. Em momento tão importante que vive o Brasil nas próximas semanas, é importante refletir sobre as palavras do Santo Padre.

Como bem definiu o Papa Pio XI, a política é “a mais alta forma de caridade”.

A política é acima de tudo a arte do encontro. Esse encontro deve ser vivido acolhendo o outro e aceitando sua diferença, num diálogo respeitoso. Como cristãos, no entanto, há algo mais: uma vez que o Evangelho nos pede para amar os nossos inimigos, não posso me contentar com um diálogo superficial e formal, como aquelas negociações muitas vezes hostis entre partidos políticos. Somos chamados a viver o encontro político como um encontro fraterno, especialmente com aqueles que menos concordam conosco; e isso significa ver naquele com quem dialogamos um verdadeiro irmão, um filho amado de Deus. Essa arte do encontro começa com uma mudança de olhar sobre o outro, com um acolhimento e respeito de sua pessoa, sem estabelecer nenhuma condição. Se essa mudança de coração não ocorrer, a política corre o risco de se transformar num confronto muitas vezes violento, a fim de fazer triunfar as próprias ideias, numa busca de interesses particulares e não do bem comum, contra o princípio de que “a unidade prevalece sobre o conflito”.

Do ponto de vista cristão, a política também é reflexão, ou seja, a formulação de um projeto comum. Como cristãos, entendemos que a política se leva adiante com uma reflexão comum, em busca desse bem geral, e não simplesmente com o confronto de interesses conflitantes e muitas vezes opostos. Em síntese, “o todo é maior que a parte” e nossa bússola para elaborar este projeto comum é o Evangelho, que traz ao mundo uma visão profundamente positiva do ser humano amado por Deus.

Por fim, a política também é ação. Como cristãos, precisamos sempre confrontar nossas ideias com a profundidade da realidade, se não quisermos “construir castelos na areia” que, mais cedo ou mais tarde, acabam cedendo. Não nos esqueçamos de que “a realidade é mais importante do que a ideia”.

Encontro, reflexão e ação: eis aqui um programa de política no sentido cristão.

(Fonte: Vatican News)