Festa do Carmo
Revestiu-se de muito brilhantismo a festa de Nossa Senhora do Carmo, constando de solemnissima novena á grande orchestra, diversas missas resadas em que foi distribuída a sagrada Eucharistia a cerca de 800 pessoas; solemne missa cantada e imponente procissão, em que tomaram parte diversas Irmandades e associações catholicas da parochia, grande numero de anjos e mordomas ricamente vestidas; duas excellentes bandas de musica e innumeravel multidão de fieis, cheios de respeito e devoção.
A orchestra sob a direcção do sr. maestro Tristão Junior, houve-se brilhantemente na execução das musicas, tanto na parte instrumental como na vocal, havendo entre as vozes algumas que deram grande realce ás solemnidades especialmente no canto de alguns hymnos dedicados á Nossa Senhora do Carmo, nas devoções da novena.
Nos tres ultimos dias da novena, como na missa cantada do dia da festa e á entrada da procissão pregou eloquentemente o revmo. sr. Frei Luiz de Sant’Anna, que encantava o numeroso e selecto auditorio com a sua palavra fácil e aprimorada.
Dotado de voz forte e agradavel, usando de uma linguagem elevada, fluente e abrilhantada por outros dotes oratorios, o illustre Capuchinho trazia os ouvintes presos de seus lábios, e fazia dizer a muitos dos entendidos na materia, que Frei Luiz Sant’Anna é um dos melhores oradores que têm occupado o pulpito das igrejas desta cidade.
Os leilões de prendas em beneficio da festa correram bastante animados.
Como dissemos, essa festa revestiu-se de grande brilhantismo, e assim devia ser, pois tratava-se de commemorar o sexto centenário da publicação da Bula Sabatina, em que o Summo Pontifice João XXII annunciava aos fieis do orbe catholico a celebre apparição da Virgem Santissima do Monte Carmelo, que apparecendo ao Chefe da Christandade, prometteu que tiraria do Purgatorio no primeiro sabbado depois da sua morte as almas dos seus devotos que, trazendo sempre o seu santo escapulário tivessem vivido e morrido como bons christãos.

Pesquisa – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux” (Igreja do Bom Jesus), respeitada a ortografia original.