Catequese 02 – Chamados à santidade
Escolhidos por Deus para sermos santos
A que é chamada a nossa família? São Paulo – chamado pelo Senhor a uma virada radical na sua vida (cf. At 9, 1-28) – poderia responder assim: “Bendito seja Deus, […] [que] nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor.” (Ef 1, 3-4).
Uma família nasce quando um homem e uma mulher decidem começar juntos uma experiência de vida comum, sustentados pela graça de Cristo. Quando isso acontece, a vida conjugal, rica em novidades e novos desafios a enfrentar, torna-se para os cônjuges, conforme diz o rito do Matrimônio, novo caminho para a santificação e, por consequência, um percurso privilegiado para a santidade.
Da mesma forma, a vida da família, permeada de laços, por vezes complexos, e de relações nem sempre fáceis, torna-se um lugar particularmente propício e favorável para contemplar a ação do Espírito de Deus, que tem por missão, entre outros, fazer uma obra de conversão do coração do homem, mudando as suas atitudes e permitindo que os membros da família amem como Cristo ama.
A santidade: um chamado para todos
“Pois sou eu, o Senhor, o vosso Deus. Fostes santificados e vos tornastes santos, por que eu sou santo” (Lv 11, 44).
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, a terceira do seu pontificado, exorta o homem a responder à sua chamada à santidade. Deus não chama todos, de maneira anônima e genérica, mas dirige a cada um de nós um apelo pessoal.
Ouçamos algumas reflexões onde o Santo Padre exprime um convite claro a não ter medo de acolher o chamado pessoal à santidade.
“Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes[…]. Esta é muitas vezes a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da ‘classe média da santidade’”. (Gaudete et Exsultate 7).
“Todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho” (Gaudete et Exsultate 10).
“Cada um por seu caminho […]. Importante é que cada crente faça o discernimento de seu próprio caminho e traga à luz o melhor de si mesmo, quanto Deus colocou nele de muito pessoal (cf. 1 Cor 12, 7), e não se esgote procurando imitar algo que não foi pensado para ele.” (Gaudete et Exsultate 11).
“Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. […] Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És pai, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus.” (Gadete et Exsultate 14).
“Esta santidade, a que o Senhor te chama, irá crescendo com pequenos gestos” (Gaudete et Exsultate 16).
“Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem de Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a tua vida. […] O Senhor levará a cumprimento mesmo no meio dos teus erros e momentos negativos, desde que […] permaneças sempre aberto à sua ação sobrenatural que purifica e ilumina” (Gaudete et Exsultate 24).
Tanto no passado distante como na história recente, encontramos crianças, adolescentes, jovens, viúvos e esposos que podem nos indicar um caminho de santidade para cada estado de vida: pensemos, por exemplo, na pequena Laura Vicuña, santa aos doze anos; no jovem Pier Giorgio Frassati ou nos pais de Teresa de Lisieux.
Essa história dos santos “ao pé da porta” pertence a nós, está perto de nós, somos nós mesmos. Quem sabe nós também não convivemos com algum deles?
Sugestões de reflexão em casal/família
• Tornar-se santo “cada um por sua via”: é o chamado de Deus a sermos o melhor que podemos ser. Quais são os dons particulares que Deus me deu?
• Deus “nos guia a tornarmo-nos santos”: quando me senti guiado por Deus nesse caminho de santidade?
• Houve eventos, encontros, ocasiões que me fizeram uma pessoa melhor ou fizeram de nossa família uma família melhor?
Sugestões de reflexão dentro da comunidade
• Cada pessoa pode, com a sua vida, comunicar ao mundo uma mensagem particular que o Senhor lhe confia.
• Cada pessoa pense em alguém com quem convive: que mensagem Deus me dá através dessa pessoa?
• Pensemos nesses últimos dias: partilhemos com simplicidade sobre os “mensageiros” do Senhor que temos encontrado.
Vídeo 2: “Viver o perdão”
O segundo vídeo tem como tema “Viver o perdão” e conta a história de um casal romano que, apesar de passar por uma grave crise conjugal, consegue redescobrir a força e a beleza de seu casamento. Os vídeos têm cerca de 8 minutos e estão disponíveis, junto com as catequeses, no site oficial do Encontro.
Para aprofundar
O Papa e a santidade, uma chamada para todos e não para os “super-heróis”
Fonte: Site Rome Family 2022