Qual o significado do Advento dentro  da liturgia da Igreja?
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O Advento marca o início do Ano Litúrgico e é um dos períodos mais simbólicos da vida cristã. Para o Pe. Pablo Vinícius, C.Ss.R., este “é um tempo forte de preparação para o Natal”. A Igreja ensina que essa preparação envolve o coração inteiro e direciona o fiel a acolher Cristo que vem.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC 524), a liturgia do Advento “faz-nos reviver a longa espera do Salvador”. Inspirado por essa visão, o missionário redentorista afirma que nos preparamos “com um coração orante e agradecido, com fé, esperança e caridade, clamando: ‘Maranatá! Vem, Senhor Jesus!’”.
Cristo que veio,
vem e virá
A espiritualidade do Advento recorda a presença de Deus. O primeiro é a Encarnação, que ocorreu em Belém. O segundo é a vinda gloriosa no fim dos tempos. O terceiro é a presença cotidiana de Cristo, destacada pelo Pe. Pablo Vinícius ao dizer que Deus “vem todos os dias: na Palavra, nos sacramentos e na pessoa do irmão que sofre”.
Essa compreensão está em plena sintonia com a Lumen Gentium (n. 48), que aponta a vida cristã como uma espera ativa pela manifestação plena de Cristo.
Chamado à vigilância e conversão
O Advento acende “um estado de continuada vigilância, porque o nosso Deus é ‘um Deus que vem’”, reforça o missionário redentorista. A Igreja endossa essa atitude na Sacrosanctum Concilium (n. 102), que fala da liturgia como participação no mistério de Cristo que age na história.
A vigilância, porém, não é medo. É amor que se prepara. Por isso, o Advento convoca à conversão, à reconciliação e ao reencontro com Deus e com o próximo.
Família e oração no centro
O Pe. Pablo Vinícius lembra que esse período deve ser vivido com “oração, conversão, unidade e festa em família”. Entre as práticas mais fortes está a Novena de Natal. A Igreja valoriza essa expressão comunitária como caminho de encontro e fé.
O sacerdote recorda que “são muitas as práticas, encontros, celebrações que fazem do Advento um tempo abençoado e rico, tempo de clamar pelo Senhor que vem e não nos abandona, porque nos ama eternamente”.
Por que o Advento é diferente da Quaresma?
O Advento é mais alegre e focado na expectativa e esperança do Natal de Jesus, enquanto a Quaresma é um período de penitência e reflexão sobre a vitória de Cristo sobre a morte, ao ressuscitar e nos redimir de todo o pecado.
O nascimento e a ressurreição do Senhor estão interligados, e esta ligação é bastante significativa do ponto de vista teológico. Ou seja, estes períodos têm finalidades, tonalidades espirituais e práticas bastante diferentes.
Qual o objetivo destes tempos?
No Advento, seremos lembrados da expectativa do nascimento de Jesus, mas também da sua segunda vinda gloriosa, no fim dos tempos.
A Quaresma corresponde ao regresso de Cristo após 40 dias no deserto e o Seu sacrifício de amor por nós. É um momento de arrependimento e penitência, voltado à Paixão de Cristo, para uma verdadeira conversão interior e a renovação espiritual em preparação para a Páscoa.
A semelhança nesse aspecto está na cor roxa nas roupas do celebrante e nas velas, que no Advento simboliza a esperança na vinda de Jesus e na Quaresma é o foco na penitência e no recolhimento. Na expectativa do Natal, no terceiro domingo do Advento é utilizada a cor rosa para revelar a alegria da vinda do Libertador, que está bem próxima.
Durante o Advento, é utilizada a coroa simbolizando a eternidade de Deus, e que não possui início nem fim. O adorno é feito de ramos verdes, que significam a continuidade da vida e da esperança.
A Liturgia Diária neste tempo é constituída de passagens proféticas sobre a vinda do Messias. Na Quaresma, existe a prática do jejum e da abstinência (obrigatória em dias específicos), e a tradicional Via Sacra, relembrando os passos de Cristo até a crucificação.
Na Quaresma, os cantos do Glória e do Aleluia são omitidos, e as músicas em geral são mais comedidas. No Advento, se omite o hino de louvor, mas o Aleluia pode ser cantado. (Fonte: Portal A12.com)