Solenidade da Ascensão do Senhor

Leituras iniciais da Solenidade da Ascensão do Senhor
Sugerimos que antes de lerem comentários, façam as leituras na Bíblia
1ª Leitura (Atos dos Apóstolos 1,1-11)
A intenção de Lucas, nesta passagem, não é a de nos fornecer informações sobre o lugar, a forma e o tempo da Ascensão de Jesus ao céu. Ele quer responder a questões e tirar dúvidas que surgiram nas suas comunidades e esclarecer os cristãos do seu tempo sobre o mistério inefável da Páscoa. Compõe então uma página de teologia, servindo-se de um gênero literário e de símbolos muito compreensíveis por parte dos seus contemporâneos. Por que?
Há uma evidente divergência a respeito da data: segundo a narrativa de Lucas capítulo 24 (Evangelho de hoje), a ascensão aconteceu no mesmo dia da Páscoa, ao passo que os Atos dos Apóstolos a situam no tempo, 40 dias depois (Atos 1,3). Em Mateus, narra-se ao invés, que eles se dirigem para a Galileia e lá, numa montanha, Jesus lhes aparece e os envia “para ensinar todas as nações” (Mateus 28,16-20).
É muito fácil verificar os elementos comuns com a narrativa dos Atos e então a conclusão só pode ser esta: Lucas usou a cenografia grandiosa e solene do rapto de Elias (2Reis 2,9-15) para exprimir uma realidade que não é possível descrever de forma adequada com palavras e nem ser verificada com os sentidos: a Páscoa de Jesus, a sua Ressurreição e a sua entrada na glória do Pai.
A nuvem no Antigo Testamento indica a presença de Deus num determinado lugar (Êxodo 13,22). Lucas emprega essa imagem para afirmar que Jesus, o derrotado, a pedra desprezada pelos construtores, aquele que os inimigos pretendiam que permanecesse prisioneiro da morte, foi ao invés acolhido por Deus e proclamado Senhor. Os dois homens com vestes brancas são os mesmos que aparecem no sepulcro no dia de Páscoa (Lucas 24,4).
Por fim, o olhar voltado para o céu. Da mesma forma que Eliseu, também os apóstolos e os cristãos do tempo de Lucas permanecem contemplando o Mestre que se afasta. Seus olhares simbolizam a esperança de Sua volta, o desejo que, após um rápido intervalo, ele retome a obra interrompida. Se a ascensão de Jesus é tudo isso, não deve causar espanto que os apóstolos a tenham saudado com “grande júbilo” (Lucas 24,52).
2ª Leitura (Efésios 1,17-23)
Paulo pede a Deus a sabedoria para os cristãos. Não se trata de uma sabedoria humana, mas da inteligência para compreender o ministério da Igreja. Pede a Deus para iluminar os olhos do seu coração para que compreendam quão grande é a esperança para a qual foram chamados.
A primeira leitura convida os cristãos a não descuidar das obrigações concretas deste mundo. A segunda leitura completa este pensamento e exorta os cristãos a não esquecerem que a vida deles não está limitada aos horizontes deste mundo.
Embora envolvidos nas atividades desta vida, eles se sentirão sempre estrangeiros à espera que Cristo volte para tomá-los definitivamente consigo.