Santo Agostinho: seguidor  do Senhor, da Igreja e do  Reino de Deus
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Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

No silêncio da história e no mistério da fé, a Igreja caminha sob o sopro do Espírito Santo. Neste ano jubilar, celebrando com gratidão os marcos da nossa caminhada eclesial, somos convidados a discernir com mais clareza os sinais de Deus. A Providência não nos abandona. Pelo contrário, guia com firmeza os nossos passos na direção da verdadeira esperança: a paz que vem de Cristo.
A partida do Papa Francisco nos encheu de tristeza, como filhos que choram a ausência de um pai. Mas, como ele mesmo dizia, “a fé nos faz caminhar mesmo com os olhos marejados”. Sua vida foi um testemunho de pontes: pontes entre culturas, pontes entre corações feridos, pontes entre Deus e a humanidade. No fim, talvez, ele mesmo tenha sido chamado a ser a última e maior ponte — aquela que liga o tempo à eternidade.
Nada na Igreja é acaso; tudo é Providência. Francisco precisava estar na audiência com Deus. E, diante do trono celeste, sua missão se ampliou: interceder por nós, não mais como Bispo de Roma, mas como servo fiel na glória eterna.
Foi ali, nesse cenário de dor e esperança, que o Espírito Santo soprou mais uma vez sobre o Conclave. E como vento impetuoso, Ele nos presenteou com Leão XIV. Na sua primeira homilia, ao proclamar que “a Igreja não caminha pelas forças humanas, mas pela força do Ressuscitado que sopra em cada batismo”, o novo Sucessor de Pedro nos recordou que não basta seguirmos Cristo — é preciso imitá-Lo com coragem.
O Espírito Santo ainda sopra. Sopra nas paróquias simples, nas comunidades escondidas, nas mãos calejadas dos que servem com amor, na juventude inquieta que busca sentido. Mas é preciso escutar. Sair do comodismo espiritual. Romper com a lógica da “igreja espetáculo”. Não somos a Igreja dos aplausos, mas do serviço. Não queremos templos lotados, mas corações convertidos.
A missão continua. “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Essa ordem não é slogan, é identidade. A Igreja não existe para si mesma, mas para transformar o mundo com a luz do Evangelho. Nosso papel é anunciar Cristo, formar consciências, gerar fraternidade e apontar para o Reino.
Neste ano jubilar, peçamos ao Espírito Santo: renova em nós a ousadia da fé! Que cada batizado seja um farol de esperança, uma ponte viva entre Deus e os homens, uma chama ardente da paz.
A Igreja vive. A esperança não morre. O Espírito Santo sopra. E Deus escreve, com letras de amor, a Rota da nossa peregrinação.6231