Uma luz se acende no Ocidente

Até hoje estremeço quando ouço falar nas invasões holandesas ao Brasil, no século XVII. Imediatamente vem à minha memória a figura de navios na costa do Nordeste brasileiro, estampada em meu livro de História, provavelmente na pintura de Bonaventura Peeters, e a voz da minha saudosa professora da quinta série no “Regente Feijó”, Da. Mirian Mirna Souto, dizendo de forma até assustadora: “Jovens, tal foi a importância dessas invasões que – eu lhes asseguro – foi por um triz que o Brasil não caiu no domínio da Holanda e hoje não falamos o holandês”.
Aquelas palavras, ditas de forma pausada e solene durante a aula de história, me assustaram. Imagine só sermos colonizados por um povo que não o português! Mais tarde, sempre refletindo sobre essa passagem que tanto me havia marcado nos bancos escolares, passei a ponderar que, se o empreendimento holandês tivesse sido exitoso, possivelmente estaríamos em melhores condições econômicas e sociais hoje, mas não teríamos o principal: a fé católica!
Sim, se hoje somos a maior nação católica do mundo, devemos aos portugueses que, muito mais que expandir seu comércio e domínio – como muitas vezes nos é ensinado – desejavam difundir o catolicismo, necessário à salvação, aos povos “de além-mar”. Tanto que a primeira ação de nossos descobridores foi plantar a cruz nestas terras e frente a ela celebrar a Santa Missa. E a Holanda, que já havia apostatado e mergulhado na heresia protestante, certamente não nos poderia transmitir a fé da Igreja fundada por Nosso Senhor: “fazei discípulos meus todos os povos”.
O Brasil é sim um país católico! Mas, verdade seja dita, seu povo infelizmente vem dando pouco testemunho de sua fé ao mundo. A despeito dessa origem tão abençoada do nosso Brasil, reina entre nós a imoralidade, a corrupção, o permissivismo, a criminalidade, o relativismo e a banalização dos valores eternos. Como se a vida do brasileiro se resumisse a diversão e a futilidades.
Mesmo com a Igreja a situação não é diferente. Disseminou-se também nos meios religiosos uma cultura do relativismo, do “mais-ou-menos” teológico e litúrgico e das famigeradas “razões pastorais” que a tudo parecem justificar. O câncer da Teologia da Libertação, lamentavelmente seguida pela maioria do episcopado brasileiro e clero de meia idade, retirou Deus do centro das coisas para ali colocar o homem e, para defender a busca de uma vida melhor, de menor sofrimento e “mais justiça”, admitir um laxismo nos costumes, mesmo que contrário ao Evangelho e à Doutrina Católica.
É nesse contexto que paradoxalmente despontam os protestantes, como que ocupando o lugar anteriormente reservado aos católicos na defesa da família, dos costumes, da moral cristã, da propriedade privada…, ponto de a imprensa concluir que o maior empecilho à liberação do aborto ou ao andamento de outras pautas morais no Brasil seja a “bancada evangélica” no Parlamento, certamente minoria em relação aos senadores e deputados católicos. A Igreja no Brasil parece estar muito mais preocupada se o povo terá ou não comida, bebida, água, saneamento básico, árvores do que se efetivamente irá para o céu…
E, para coroar, em meio a um governo caótico, mantido no poder para se alcançar interesses escusos, o Brasil católico acaba por enxergar como tábua de salvação a ascensão ao poder de outro protestante, no governo dos Estados Unidos.
O discurso de posse de Donald Trump como presidente da nação mais poderosa do mundo, na última semana, encheu-nos de orgulho e esperança: forte, contundente e determinado à adoção de medidas e ao resgate de valores que, embora constituam o depósito das Sagradas Escrituras e da Doutrina Cristã, já não são defendidos “oportuna e inoportunamente” pelos membros da Igreja, infelizmente mais preocupados com os valores terrenos que eternos.
Com isso não pretendemos coonestar o protestantismo que continua sendo uma seita contrária ao projeto de salvação de Cristo, confiado à Igreja Católica. Mas, possa essa guinada do povo norte-americano para os verdadeiros valores da sociedade ocidental, plantada sobre o Catolicismo, em detrimento das ideologias comunista, socialista, globalista e de suas infindáveis ramificações destruidoras da pessoa humana, representar uma esperança também para nossa Terra de Santa Cruz.
Deus salve a América e, com ela, nosso Brasil e todo o ocidente cristão!