O que são e como receber as indulgências?
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Padre Paulo Eduardo Ferreira de Souza
Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí

O Santo Padre, o Papa Francisco, proclamou com sua bula “Spes non confundit” (A esperança não decepciona) o Jubileu de 2025. Segundo a tradição bíblica, o ano do jubileu, o Ano Santo, é uma particular ocasião para a experiência do perdão, da reconciliação. Sinal dessa fonte de misericórdia é a intensificação do uso das indulgências.

Na realidade, os fiéis podem servir-se das indulgências em muitas ocasiões e não apenas no Ano Santo. Durante o Jubileu, contudo, somos ainda mais incentivados a lucrar, a receber esse precioso auxílio oferecido por nossa Mãe, a Igreja.

As indulgências são o perdão das penas devidas aos pecados. Segundo a explicação clássica, existe uma distinção entre os pecados e as penas a eles ligadas (Catecismo da Igreja Católica, 1471-1473). Os pecados são perdoados ordinariamente com a absolvição sacramental, mas as penas temporais permanecem.

Em se tratando, portanto, da doutrina sobre as indulgências, valeria a pena ressaltarmos simplesmente duas verdades fundamentais.

A primeira: o pecado, ofensa Deus e aos irmãos, possui consequências existenciais, machuca o íntimo do nosso ser, deixa feridas. Pensemos na Parábola do Bom Samaritano: o homem que estava jogado à beira do caminho, símbolo do ser humano destruído pelo pecado, foi resgatado pelo bom samaritano, imagem do Senhor Jesus. Poderíamos comparar esse resgate com o Sacramento da Reconciliação. Depois de ser resgatado, aquele homem necessitou ainda de cuidados na pensão. Se é verdade que a absolvição sacramental nos reconcilia realmente com Deus, também é verdade que ela não é suficiente para cuidar das feridas deixadas pelo pecado.

Segunda verdade: no nosso caminho de santificação, precisamos uns dos outros. Ninguém pode pretender trilhar esse caminho sem precisar da ajuda de seus irmãos e irmãs. A prática das indulgências é um grande convite a aproveitarmos as riquezas espirituais da Igreja, formadas pelos infinitos méritos do Senhor Jesus e pelos méritos que Deus quis conceder a todos os santos e santas (Catecismo da Igreja Católica, 1474-1479).

Essa dimensão da comunhão dos santos foi vivida de maneira bastante explícita no período das perseguições. Aqueles que estavam para ser martirizados davam cartas de reconciliação aos cristãos penitentes.

Mas, como podemos receber as indulgências?

A Igreja indica os atos, as obras, os gestos aos quais ela quer associar as indulgências. Por exemplo, a Leitura Orante da Sagrada Escritura por 30 minutos é uma obra indulgenciada. Quem lê a Bíblia de modo espiritual por 30 minutos pode lucrar indulgência plenária. A pessoa deve, contudo, cumprir com três necessárias condições: a confissão sacramental, a comunhão eucarística e a oração na intenção do Santo Padre, o Papa.

Como se pode perceber, a prática das indulgências não é um convite à vida inconsequente. Pelo contrário, para se lucrar indulgência é necessário desejo sincero de conversão. É necessário desejar romper com todo e qualquer pecado.

Durante o Ano Santo, o Santo Padre, o Papa Francisco, definiu como obra indulgenciada a peregrinação a lugares escolhidos pelos bispos diocesanos. Em nossa diocese, Dom Arnaldo já designou esses lugares de peregrinação.
Aproveitemos todos os meios de que a igreja dispõe para que nos tornemos mais íntimos do Pai, mais fiéis a Jesus Cristo e mais transformados pelo Espírito Santo. Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Senhora do Desterro, rogue a Deus por todos nós!

(texto transcrito de vídeos publicados pelo Setor de Comunicação da Diocese de Jundiaí, sobre o Jubileu 2025; disponível no canal da diocese no YouTube)