Colégio São José em Jaú (3)
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Sucede-lhe Madre Maria Paulina, a quem cabe a glória da fundação de um externato, em parte mais central da cidade, destinado não só a meninas, mas também a meninos até a idade de onze anos. A exemplo do Externato de Itu, logo conta com mais de duzentos matriculados, crianças pertencentes às melhores famílias, filhos de ex-alunas, convivas de suas responsabilidades na escolha de educandários para sua prole.
Ao lado do ensino científico, cuidam as Irmãs do catecismo, e logo instalam um centro catequético onde, aos domingos, a criançada vai satisfazer sua sede de Infinito, enchendo seu coração de lições inesquecíveis.Tudo vai às mil maravilhas na terra dos cafezais. Madre Teodora agradece a Deus o êxito de suas fundações. Turva-lhe, no entanto, a alegria a falta de um orfanato em Jaú. Em 1917 lhe trará a realização desse desejo.
Às vésperas de 8 de dezembro, quem passasse pelo Colégio São José notaria um movimento desusado. Irmãs, alunos, empregados, numa lufa-lufa tremenda, em um vai e vem incessante, preparam guirlandas, arcos de triunfo, trepam em escadas, martelam pregos, estendem cordões, ultimam preparativos da grande festa. Tudo para solenizar o lançamento da primeira pedra do Asilo Imaculada Conceição, dádiva generosa da caridade jauense à orfandade local. D. Carolina de Almeida Prado encabeça o movimento, e em pouco as criancinhas desvalidas têm um novo teto, onde se abrigarão das maldades do mundo, embaladas pelos carinhos das religiosas, fiéis aos ensinamentos daquela que um dia também provara o cálice de tal amargura – Madre Teodora.
Estendem-se soberbos os galhos da árvore plantada no Patrocínio. Jaú se junta aos louros obtidos pela grande fundadora, e dorme feliz o sono da despreocupação. Sua infância e sua juventude têm um escudo seguro para se defender contra as investidas do mal. Seus órfãos acham-se abrigados. Seus velhinhos também um dia terão seu cantinho de repouso. Em 1923, no pequeno Asilo São Lourenço, às abnegadas Irmãs é confiada mais essa porção do rebanho. Solícitas como sempre, alegres recebem mais essa incumbência. A seus pés uma população inteira deposita, comovida, a imensa gratidão pela farta messe. E Madre Teodora, no Patrocínio, alma elevada em prece, deposita nas mãos do Divino Prisioneiro do Tabernáculo mais essa joia, para ser guardada lá na Eterna Mansão, onde os tesouros não se enferrujam, nem os atacam os vermes.

31 de agosto de 1957

Maria Cecília Bispo Brunetti
Acervo – Museu
da Música – Itu