17º Domingo do Tempo Comum
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Leituras iniciais do 17º Domingo do Tempo Comum
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia
1ª Leitura (2Reis 4,42-44)
Em Israel, o povo tinha o costume de comer somente uma vez por dia, ao entardecer. depois do pôr do sol, quando os homens voltavam do trabalho do campo. Na Bíblia “comer” é um dos verbos que aparece com mais frequência (quase mil vezes, ao passo que “rezar” – que nos parece uma ação mais religiosa – consta muito menos: só uma centena de vezes). Esta será com certeza uma constatação surpreendente para quem julga que a religião deva preocupar-se somente com o espírito.
Da Escritura, ao contrário, deduz-se claramente que a fome do povo tem muito a ver com a escolha da fé. Qual era o sonho dos “pobres da terra” de Israel? Não era mirabolante: somente ter comida em abundância e, prouvera, poder comer como os ricos. . . três vezes ao dia!
É nesse contexto social que se enquadram as leituras deste dia. O profeta Eliseu (sucessor de Elias) não guarda para si o precioso alimento, mas convida o homem de Baal Salisa (próxima ao monte Efraim) a distribuí-lo para as 100 pessoas que se encontram perto, dizendo: “Todos comerão e ainda sobrará!”
A leitura de hoje nos ensina que Deus não multiplica os pães do nada. Antes, encontramos o gesto generoso de um homem que oferece o fruto do seu trabalho e ainda, a decisão de Eliseu de partilhar o dom recebido com todos os que se encontram necessitados.
Não será este o caminho a ser seguido, também para os nossos dias, para resolver os problemas da fome no mundo?
2ª Leitura (Efésios 4,1-6)
Com essa passagem começa a parte da carta aos Efésios (de Éfeso, comunidade na Turquia) dedicada às exortações que dizem respeito à vida dos cristãos. Nos primeiros versículos (vers.1-3) são apresentadas algumas características da nova vida dos batizados. Eles são estimulados, antes de qualquer coisa, a ser “humildes”; esta palavra, porém, não significa desprezíveis, inúteis, mas pessoas dispostas a colocar-se “a serviço” dos irmãos. A exemplo do Mestre, de fato, eles renunciaram a qualquer forma de agressividade e de violência. Enfim, devem “viver unidos”.
Como todos os outros homens, os cristãos poderiam ter mil razões para permanecer desunidos e viver em discórdias. Entre eles também existem diferenças de raça, tribo, língua, cultura, condições econômicas, mentalidade, temperamento. A própria religião é, às vezes, motivo de desunião: há muitas profissões de fé no mesmo Cristo. A unidade somente pode ser construída partindo do princípio de que, juntos, eles constituem a única família dos filhos de Deus, formam um único corpo em Cristo e são animados pelo mesmo Espírito.
Isso não quer dizer que todos devam ser iguais, e que não possam ter diferentes maneiras de pensar e de agir. Deus quis os homens diferentes uns dos outros. Na mesma árvore não há duas folhas iguais. A diversidade, porém, não deve levar à inveja e à competição, mas à ajuda recíproca, à colaboração, à complementaridade.