14º Domingo do Tempo Comum
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Leituras iniciais do 14º Domingo do Tempo Comum
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia
1ª Leitura (Ezequiel 2,2-5)
Muitas vezes nós ouvimos falar de profetas, de profecias, de profetizar. Talvez, porém, nos perguntemos o que tudo isso significa. A essa pergunta responde a leitura que, apresentando-nos a figura de Ezequiel, explica quais as características de um profeta.
1. Antes de tudo, é uma pessoa chamada por Deus. Nos versículos que antecedem a presente leitura, narra-se que Ezequiel, prostado no chão, escuta uma voz que lhe diz: “Levanta-te, quero falar contigo” (vers.1)
2. Ele se levanta e a voz continua: “Filho do homem, envio-te israelitas. . . filhos de cabeça dura e coração insensível. “Tu lhes dirás: . .” (vers.2-4).
Eis a segunda característica do profeta: “um filho de homem” (expressão hebraica que significa simplesmente homem, um mortal comum”). O profeta não é, portanto, um anjo, não é um personagem dotado de poderes misteriosos, de forças sobre humanas. Não são suas qualidades extraordinárias que lhe conferem autoridade para falar em nome de Deus, mas sim, o fato de ter sido “chamado”.
3. Esse homem escolhido por Deus tem uma missão a cumprir, não é encarregado de fazer milagres, de prever futuro, de realizar feitos extraordinários. Dele Deus espera somente uma coisa: que transmita a sua Palavra, e que o faça com destemor, mesmo que o ouvinte possa sentir-se importunado.
4. A quem é enviado o profeta? Às pessoas de seu país, que podem estar dispostas a receber sua mensagem ou, pelo contrário, podem ter um coração rebelde. O profeta não deve preocupar-se com os resultados de sua missão. A Ezequiel Deus diz: “Que te ouçam ou não. . . hão de ficar sabendo que há um profeta no meio deles” (vers.5).
2ª Leitura (2 Coríntios 12,7-10)
Paulo teve que enfrentar muitas perseguições, adversidades e aflições, durante sua vida. Neste trecho, ele faz menção a um problema que lhe provoca vexame e muitos sofrimentos: revela que se trata de algo doloroso, como de um espinho cravado na carne (vers.7). O que será?
Alguns pensam que seria alguma doença, pois ao escrever aos gálatas (Gal. 4,14) Paulo fala de uma grave enfermidade que o tinha afetado. Provavelmente, porém, o “espinho” na carne refira-se à inimizade do povo de Israel, que Paulo chama de “seus irmãos e consanguíneos segundo a carne (Romanos 9,3).
O que aconteceu a Paulo repete-se frequentemente também em nossos dias. Há pessoas que se envolvem generosamente na pregação do Evangelho, que dedicam tempo, energia e colaboração financeira para a sua comunidade, mas que acabam por tornar-se alvo de críticas injustas. Este é um espinho muito doloroso e Deus não o arranca, não elimina milagrosamente as diferenças, mas sim, comunica a força para eliminá-las (vers.9).
Se São Paulo teve que superar tantas contrariedades, se foi obrigado a aceitar também as limitações que lhe eram impostas pela situação física e espiritual, por deveria ser reservado a nós, tratamento diferente e privilegiado?