14º Domingo do  Tempo Comum
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Diác. Edson Moura
Capelania militar – Igreja São Luís Gonzaga – Quartel de Itu

“Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”.

Evangelho (Mt 11,25-30)

Queridos irmãos em Cristo, passado o mês de junho repleto de festas e solenidades que confirmam e reaquece nossa fé católica, mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, Santo Antonio de Pádua, a natividade de São João Batista e a solenidade das colunas da Igreja São Pedro e São Paulo, voltamos ao tempo comum e o evangelho deste 14º domingo do tempo comum, questiona a nossa fé.
Num primeiro momento neste evangelho vemos que Jesus volta para sua terra natal, não sozinho mais acompanhado pelos apóstolos, a Igreja que nasce, e num dia de sábado começa a ensinar na Sinagoga, e os seus conterrâneos ficam admirados com seus ensinamentos, e até mesmo os tantos milagres que Jesus também tinha feito em outros lugares, porém por achar que conheciam Jesus, não acreditavam que o Filho do Carpinteiro que ali esteve durante 30 anos seria o Messias.
O povo de Israel, o povo de Jesus, sempre esperou um messias nacionalista que viesse exterminar os seus algozes, dominadores e restabelecer a paz ao poder da “espada”, como um rei dominador, porém vem Jesus conhecido de cada um deles pregando e ensinando a prática do amor a Deus e ao Reino, eles não acreditam apesar de terem visto e ouvido tantas coisas. Isto não é novidade para Jesus. Pois Ele sempre confronta com os mestres da lei, saduceus e fariseus que estão presos em suas “seguranças”, cheios de rituais que mais escravizam o povo e não aceitam um Jesus que prega um Reino de amor e justiça, onde o perdão e a misericórdia imperam, um simples filho do carpinteiro.
Nós também por vezes sabemos dos milagres de Jesus, o Deus feito homem narrado nas Sagradas Escrituras, pronunciado todos os dias na Liturgia da Palavra, o Deus de tantos milagres e sinais, e custamos a acreditar, como um Deus pode estar presente em um pedaço de pão, a Eucaristia, onde Ele prometeu estar presente integralmente. Como um Deus pode morrer na cruz por todos sem exceção e ficamos presos a nossa pouca fé e não damos espaço a Graça de Deus que já esta em nós pelo Batismo e quer se comunicar conosco todos os dias através da vivência do mesmo batismo que nos impõe renúncias e propõem serviço para o Reino de Deus.
Narra o evangelho de hoje que Jesus ali não pôde fazer muitos milagres, fez sim algumas curas pela imposição das mãos, com certeza, esses poucos tinham fé, mas fica a pergunta para nós: o poder de Deus está limitado à nossa fé? Jesus não pode curar porque não tinham fé? Claro que Deus tem o poder total e pode fazer o que Lhe apraz, mas a recorro a uma frase de Santo Agostinho, bispo de Hipona no século IV: “O Deus que nos criou sem a nossa participação, não quer nos salvar sem a nossa participação.
A razão pela qual Jesus não pode fazer muitos milagres em sua terra natal, até se parece com um ditado que sempre escutamos dos antigos “santo de casa não faz milagres”, mas explicamos aqui como os evangelhos e a Igreja ensina que devemos cooperar com a Graça de Deus, pois Jesus não nos impõe mas salvação propõe e essa salvação só pode ser recebida por aqueles que tem fé,é como o remédio está ali para a cura e você não coopera para a cura, não quer tomá-lo.
A vitória e o poder de Deus passam pela fraqueza e pela impressão de derrota e quem não se alicerça nestes ensinamentos, nesta lógica e prefere trilhar pelos caminhos dos homens, hoje e como a mais de 2000 anos não participará de nenhum milagre da salvação.

Deus abeçoe a todos