Colégio Coração de Maria (em Santana) (1)
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Ouvinte amigo, continuemos nosso passeio pelas fundações de Madre Teodora em São Paulo, a linda capital, que brada e clama pela extensão da obra das “Jardineiras do amor”. É mister fundar um outro colégio em São Paulo. A juventude precisa de formação e jaz na ignorância religiosa. Pensamento a martelar constantemente os ouvidos da grande Apóstola, levando-a a plantar mais um marco, inspirando-a a erguer mais um Tabernáculo em terras de Piratininga. A messe é grande… poucas são as operárias… mas o zelo e ardor que lhe devora o coração é a grande alavanca a remover montanhas de dificuldades, o guindaste potente a levantar impossíveis…
Madre Arsênia, a sua querida superiora da Santa Casa, sente que a chamam para uma nova empreitada. Não se engana, pois logo recebe a incumbência de arranjar um prédio para a fundação almejada. Mais em contato com a gente do planalto, fácil lhe seria concretizar o anseio da incansável Provincial. Assim é que, ao findar 1892, Madre Arsênia consegue que uma rica senhora lhe ceda uma bela propriedade à Rua das Palmeiras, suficientemente grande para iniciar a obra. O prédio é cedido com a condição de aí funcionar também um orfanato. Até aí tudo bem, pois não eram as órfãs a porção mais querida dos enlevos de Madre Teodora? 
Procede-se imediatamente à adaptação da casa, e a 18 de dezembro, mais um núcleo de educação feminina é inaugurado na metrópole – o “Colégio Coração de Maria”. Madre Maria Virgínia será sua primeira superiora, e como todas as almas eleitas, passará também pelo cadinho do sofrimento. Ao findar o primeiro ano de atividades, quando tudo prenunciava bonança e sucesso, surge a primeira nuvem no céu azul: a doadora da casa, sob alegação de que a cedera apenas para orfanato, pede que a desocupem, e num prazo exíguo de dois meses!
Fácil é supor o estado de ânimo das Irmãs. No Patrocínio, Madre Teodora recebe a notícia desalentadora, mas longe de se deixar abater, agradece a Deus mais esse pedaço de pão do sacrifício, tão famintamente desejado. O selo das obras divinas mais uma vez se estampa nos seus trabalhos, e isso é suficiente para levá-la a continuar a luta…
Nas mãos do Onipotente, na proteção de São José, está a solução que o caso exige. Um jovem sacerdote, tocado pela gratidão, vai de encontro às dificuldades da querida Madre Arsênia, a quem deve sua vocação de Ministro do Senhor. Conhecedor do apuro das Irmãs, corre a ajudá-las, prontifica-se a vender-lhes um prédio que acabara de construir para colégio de meninos. Estes, apesar de mal instalados na primitiva habitação, esperariam a ereção de outra.
Tudo parece tão fácil. Mas há a questão do dinheiro. O padre Hipólito Braga conta com a importância pedida para levantar o outro colégio. Onde buscá-lo, depois de tantos gastos para a adaptação do solar da rua das Palmeiras? Urge, porém que a mudança se efetue, e por milagre do Divino Esposo, em março as bandeirante da luz estabelecem-se  com as alunas no alto da colina de Santana, de onde, à noite se avista o céu pontilhado de estrelas cobrindo a terra cintilante de mil focos luminosos… Serpenteia embaixo o Tietê, testemunha muda a levar para o infinito segredos e desabafos da gente paulistana, a entoar para os séculos a canção do progresso, a abnegação de missionários e missionárias, vindas de além mar, implantar a cruz de Cristo nesta terra privilegiada…