12º Domingo do  Tempo Comum
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Diác.Ézio Benedito Ribeiro
Paróquia Senhor do Horto e São Lázaro

“Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”

Evangelho (Mc 4,35-41)

No Evangelho de hoje São Marcos apresenta-nos uma catequese sobre a caminhada dos apóstolos em missão no mundo. Em primeiro lugar, ele fala do “ambiente” no mar ao anoitecer, estavam no barco Jesus e os discípulos e começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas jogavam água dentro da barca, que já começava a encher. Estavam num ambiente hostil, adverso, perigoso, rodeados pelas forças que lutam contra Deus e contra a felicidade do homem. Por outro lado, a “noite” é o tempo das trevas, da falta de luz; aparece o medo, o desânimo. O “mar” e a “noite”, uma realidade de dificuldade, de hostilidade. O “barco” é, na catequese cristã, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está no “barco”, mas são os discípulos que se encarregam da navegação, pois é a eles que é confiada a tarefa de conduzir a comunidade pelo mar da vida. O “barco” dirige-se “para a outra margem”, ao encontro das terras dos pagãos. Durante a travessia, Jesus “dormia”. O “sono” de Jesus durante a viagem refere-se, possivelmente, à sua aparente ausência ao longo da “viagem” que a comunidade cristã faz pela história. Os discípulos, preocupados em dirigir o “barco”, têm a sensação de que estão sós, abandonados à sua sorte. Na verdade, Jesus está com eles no “barco”; Ele prometeu ficar com eles “até o fim do mundo”. A “tempestade” significa as dificuldades que o mundo põe à missão dos discípulos. ¨ Muitas vezes, ao longo da caminhada, os discípulos sentem uma tremenda solidão e, devido a oposição e a incompreensão do mundo, experimentam a sua fragilidade e impotência. Parece que Jesus os abandonou; e o silêncio de Jesus angustia-os. Jesus, foi despertado pelos discípulos, acalma a fúria do mar e do vento, com a sua Palavra imperiosa e dominadora. Depois de acalmar o mar e o vento, Jesus dirige-Se aos discípulos e repreende-os pela sua falta de fé: “porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?”. Os discípulos, depois da caminhada feita com Jesus, já deviam saber que Ele nunca estaria ausente, nem ficaria alheio a vida da sua comunidade. Eles não podem esquecer que, em todas as circunstâncias, Jesus vai com eles no mesmo “barco” e que, por isso, nada têm a temer. O Evangelho deste domingo garante-nos que Jesus nunca abandona o barco dos discípulos. Ele está sempre lá, embarcado com eles na mesma aventura, dando-lhes segurança e paz. Nos momentos de crise, de desânimo, de medo, os discípulos têm de ser capazes de descobrir a presença às vezes silenciosa, mas sempre amiga e reconfortante de Jesus ao seu lado, no mesmo barco. Se os discípulos tivessem fé, não teriam medo e não sentiriam a necessidade de “acordar” Jesus. Estariam conscientes da presença de Jesus ao seu lado em todos os momentos e não estariam à espera de uma intervenção de Jesus para os livrar das dificuldades. O verdadeiro discípulo é aquele que aderiu a Jesus, que conta sempre com Jesus e não se lembra de Jesus apenas nos momentos de dificuldade e de crise.

Deus abençoe a todos!