Tragédia, fé, caridade  e esperança
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Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

 

Caros irmãos e irmãs. Nos últimos dias de abril e início de maio de 2024, mais uma vez, passamos por fortes angústias e sofridas incertezas, diante de uma catástrofe climática anunciada e que realmente veio nos atingir. As chuvas e temporais, fora da medida normal, com suas consequências danosas, alcançaram a todos nós, de uma ou de outra forma. Para alguns, houve vítimas fatais; para muitos, perdas irreparáveis; para todos, sofrimentos inesquecíveis. São os momentos da vida que exigem de nós respostas que, por vezes, não são fáceis de serem dadas, tanto pelos atingidos diretamente, quanto pelos que são convidados a prestar sua ajuda.
Entre outras, dentro desse contexto, duas respostas ou atitudes nos parecem urgentes: a fé e a solidariedade (caridade). Sem a fé, nos defrontamos com o limite humano e facilmente acabamos no desespero, que a impotência nos impõe diante de muitas situações da vida. A fé (oração) sempre nos possibilita a confiança em Alguém superior a nós e que nunca nos deixa sozinhos, por mais trágica que seja a realidade que vivemos. Outra resposta que nos fortalece, sobretudo nos momentos difíceis, é a experiência de não estarmos sozinhos entre nós. Neste campo, a solidariedade ou a caridade nos sustentam e nos tornam mais fortes. Sentir-se apoiado e receber ajuda dos outros faz retomar o caminho. Aqui o Papa Francisco falaria em espírito sinodal: fazer o caminho juntos, também nas tragédias.
Por isso, neste momento difícil, diante das mudanças climáticas e suas danosas consequências, nós apelamos para a fé e a solidariedade, as quais devem andar juntas, ou seja, as mesmas mãos que erguemos em oração devem ser as que estendemos para os lados, para os irmãos e irmãs que sofrem. Sim, é tempo de oração e de caridade. Vamos ajudar os que mais precisam para que tenham a força necessária de retomar o caminho, talvez começando tudo de novo, mas sempre contando com a força do Alto e com nossa presença fraterna.
As duas atitudes, acima mencionadas, certamente contribuirão decididamente para uma terceira, sobretudo em relação aos que mais sofrem: a esperança. Assim vemos que fé, esperança e caridade andam juntas; são a base de nossa vida cristã, são inerentes ao ser cristão. Uma fé verdadeira conduz para o maior mandamento que Jesus nos deixou: o amor, a caridade, a solidariedade. E isso dará esperança para seguir no caminho da vida, sobretudo para os que mais sofrem, como no caso de tantos irmãos e irmãs do nosso Estado, de nossa diocese, de nossas paróquias e comunidades, de nossas famílias, que foram atingidos pelas enchentes ou pelos deslizamentos de terra, pela destruição, pelos isolamentos, por perdas irreparáveis ou até pela morte.
Portanto, esperançar é preciso! Faça cada um a sua parte, segundo suas possibilidades, na sua realidade de vida, e isso é fazer tudo, dentro de nossos limites humanos, ou como escrevia alguém nas nossas redes sociais: “Mais do que nunca, devemos ser Peregrinos da Esperança para todo esse povo que sofre com as catástrofes da natureza, unindo forças, cada um com o que pode oferecer, seja com orações, seja com força braçal, seja com recursos; juntos vamos superar”.
Que Deus abençoe a todos os atingidos e os que são solidários, dando esperança para recomeçar juntos, em espírito sinodal, diria mais uma vez nosso querido Papa Francisco, que também se juntou conosco, nas fileiras da solidariedade, com sua oração, suas palavras de consolo e sua contribuição financeira, em nome de toda Igreja.
Unidos sempre seremos mais fortes!