3º Domingo da Quaresma – Leituras Iniciais
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.

 

1ª Leitura (Êxodo 20,1-17)

Um dos temas básicos propostos na meditação do cristão durante a Quaresma é a lei de Deus, “os dez mandamentos” que constituem um dos argumentos centrais da catequese.

Israel não era o único povo que tinha leis justas, promulgadas em nome de Deus. São conhecidas várias coletâneas de leis, emanadas por soberanos naqueles tempos antigos. A legislação bíblica, portanto, não é completamente original, embora apresente algumas características importantes a ser destacadas.

1) A primeira é o modo como esses mandamentos são enunciados. As leis de outros povos têm uma forma impessoal, falam genericamente: “Se alguém. . .” Na lei de Israel, ao contrário, Deus dirige a palavra diretamente a cada pessoa: “Tu farás ou não farás isto ou aquilo”.

2) Uma segunda característica de “decálogo” é o modo como começa. Antes de manifestar as suas exigências, Deus se apresenta ao povo com estas palavras muito densas de significado: “Eu sou o Senhor que te fez sair da terra do Egito” (vers.2). As leis não foram, portanto, decretadas por um rei tirano, mas por um Deus “libertador”.

3) Os dez mandamentos continuam vigorando em nossos dias, ou tinham valor apenas para os israelitas do Antigo Testamento? Sabemos que Jesus pregava “amar a Deus e aos irmãos”. Ensina-nos ainda Paulo: “Quem ama o irmão cumpriu toda a lei”, pois os preceitos: “Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás” e ainda outros mandamentos resumem-se nestas palavras: ”amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Romanos 13,8-9).

Portanto, quem não observa sequer os mandamentos, deve conscientizar-se de sua condição dramática: pulou a cerca que ainda o separava das escolhas de morte.

 

2ª Leitura (I Coríntios 1,22-25)

Esta curta leitura, apresenta-nos o ponto fundamental de toda a pregação de Paulo: o Cristo crucificado. Diante desse sinal avassalador do amor de Deus, os homens não podem permanecer indiferentes, devem tomar posição.

1) Os judeus, para os quais Jesus crucificado é um escândalo, pois esperavam a intervenção de Deus para derrotar os inimigos do seu povo, com legiões de anjos. Jesus, ao invés disso, não se apresentou como um vencedor, mas como um derrotado, como um homem aparentemente amaldiçoado por Deus.

2) Os sábios gregos.ao contrário, consideravam Jesus uma loucura, não acreditavam em milagres, confiavam somente nos raciocínios e na sabedoria (vers.23). Ora, a morte de Jesus na cruz não se enquadra dentro de nenhuma lógica humana, é uma autêntica loucura.

3) Em nossos dias ainda existem esses dois grupos de pessoas, até mesmo dentro de nossas comunidades. A sabedoria dos homens julga felizes aqueles que se divertem, que pensam somente em si mesmos, nos próprios prazeres e nas próprias satisfações.

O cristão faz uma proposta que é uma “loucura”: a cruz de Cristo, isto é, a vida transformada em dom desinteressado de si, está consciente que a lógica do Evangelho não pode ser colocada no mesmo patamar da lógica do mundo.