4º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
1ª Leitura (Deuteronômio 18,15-20)
O que deveria se fazer para conhecer a vontade de Deus? Na leitura deste dia, é-nos apresentado o único meio lícito: o recurso ao profeta.
Quem é esse personagem? No seu discurso ao povo, Moisés descreve as suas características e suas funções: não é um ser estranho caído do céu, é um ser humano, um irmão daqueles aos quais está sendo enviado, não é escolhido pelo povo como um rei, mas suscitado diretamente por Deus.
Que autoridade tem o profeta? Depende: se ele transmite fielmente aquilo que Deus lhe revelou, então suas palavras devem ser atendidas como sendo uma legítima mensagem de Deus. Pode também acontecer que alguém se apresente falando em nome do Senhor, mas na verdade promove a causa de outros deuses, isto é, dos ídolos.
Não há necessidade de apelar para esses truques enganosos e baixos. Não é o homem que deve tentar penetrar no mundo de Deus sorrateiramente, como um ladrão, passando através de uma passagem secreta. É o próprio Deus que quer lhe dirigir a sua palavra, e isto ele consegue através dos profetas.
Moisés, certo dia, desejou que todos os membros do seu povo fossem profetas, isto é, pessoas habilitadas para entender e interpretar a voz e o pensamento de Deus. Eis quem é o profeta: um homem do qual Deus se serve como se fosse um telefone para fazer chegar aos homens a sua palavra. Somos nós autênticos “profetas”? Somos “telefones” eficientes ou necessitamos ser ajustados? As nossas paixões, o nosso orgulho, a nossa inveja, a nossa ganância por dinheiro ou por prestígio não nos impedem, às vezes, de sermos verdadeiros profetas?
2ª Leitura (1Coríntios 7,32-35)
Para o povo de Israel, como para todos os povos antigos, homens e mulheres que não se casavam e não tinham filhos eram desprezados porque interrompiam o fluxo da vida recebida dos próprios pais e enfraqueciam a família e a tribo.
Escrevendo para os cristãos de Corinto, Paulo introduz uma mudança importante nesse modo de pensar: ele enaltece a virgindade. É, porém, necessário interpretar de forma correta aquilo que ele quer ensinar, pois as suas palavras poderiam ser tomadas como uma depreciação do casamento e do sexo.
Começa com uma constatação: é verdade que o matrimônio é uma instituição sagrada, entretanto, existe o perigo de as pessoas casadas deixarem-se envolver de tal forma pelas preocupações deste mundo a ponto de deixarem em segundo plano ou até mesmo prejudicar a união com o Senhor.
O apóstolo não ensina que os não casados sejam melhores dos que vivem no matrimônio e nem, muito menos, que o amor conjugal e a vida sexual afastam de Deus. Diz simplesmente que o estado das pessoas virgens não é só o de consideração como o das pessoas casadas, mas que o celibato coloca aqueles que o vivem com maturidade numa posição muito propícia para permanecer sempre unidos ao Senhor.