O Papa Francisco sobre os casais irregulares: “o Senhor abençoa todos, todos, todos”
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Entre vários temas tratados na entrevista concedida ao jornalista Fabio Fazio e transmitida no último domingo (14/01) na TV italiana, o Papa Francisco retomou o tema da bênção aos casais “irregulares”: bênçãos para todos, imitando Deus que é “bom” e não “castigador” e “abençoa todos, todos, todos”.

O Papa respondeu a uma pergunta sobre o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, Fiducia Supplicans, que abre a possibilidade de abençoar casais em situações “irregulares” com relação à moral católica, incluindo casais do mesmo sexo. Um documento que registrou várias reações, até mesmo contrastantes.

Francisco reconheceu que “às vezes as decisões não são aceitas”, mas muitas vezes “é porque não se conhece”; depois reafirmou aquele princípio de “todos, todos, todos” já expresso durante a JMJ de Lisboa: “O Senhor abençoa todos, todos, todos que vêm. O Senhor abençoa todos aqueles que podem ser batizados, ou seja, cada pessoa. Mas depois as pessoas devem entrar em diálogo com a bênção do Senhor e ver qual é o caminho que o Senhor lhes propõe. Mas devemos pegá-las pela mão e ajudá-las a seguir esse caminho, não as condena-las desde o início”.

Esse é “o trabalho pastoral da Igreja” e é um trabalho “muito importante” para os confessores, a quem Francisco reitera o convite para “perdoar tudo” e tratar as pessoas “com muita bondade”. Ele mesmo revela que, em 54 anos de sacerdócio, negou o perdão apenas uma vez “por causa da hipocrisia da pessoa”: “Eu sempre perdoei tudo, mas também digo com a consciência de que aquela pessoa talvez tenha uma recaída, mas o Senhor nos perdoa, ajudar a não recair, ou a recair menos, mas perdoar sempre”.

O Senhor “não se escandaliza com nossos pecados, porque Ele é Pai e nos acompanha”, observou o Papa Francisco, confidenciando que gosta de esperar que o inferno esteja vazio.

A declaração “Fiducia supplicans” foi publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé no último dia 18 de dezembro. O documento aprofunda o tema das bênçãos, distinguindo entre as bênçãos rituais e litúrgicas e as bênçãos espontâneas, que se assemelham mais a gestos de devoção popular.

A partir do princípio das bênçãos espontâneas, o documento define que, diante do pedido de duas pessoas para serem abençoadas, mesmo que sua condição de casal seja “irregular”, será possível para o ministro ordenado consentir. Mas sem que esse gesto de proximidade pastoral contenha elementos minimamente semelhantes a um rito matrimonial.

(Fonte: Vatican News)