Nunca se afastar  dos pobres
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por Diácono Tadeu Italiani

Estamos a pouco mais de vinte dias para o Dia Mundial dos Pobres, um dia de grande misericórdia para a Igreja, que desenvolve diversas ações para acolher de forma especial em suas comunidades, os pobres, demostrando de forma pastoral a alegria do Evangelho em acolher àqueles que, de alguma forma, foram lhes tirada a dignidade.
Hoje quando falamos em pobreza, pensamos apenas nos necessitados e famintos, mas a pobreza está presente nas diversas carências humanas, as quais desvirtuam a perfeita ordem da criação, a harmonia deixada por Deus, quando criou o homem e o universo. O barulho dos centros urbanos dos dias de hoje, é como um rio que circunda as periferias e ao menor pedido de ajuda, submerge-o, afogando não só a solicitação de ajuda, mas também a esperança de buscar uma condição mais digna para viver. Por isso, não podemos afastar nossos olhos dos pobres, pois, como cristãos batizados e missionários, somos vocacionados a levar Cristo aos desesperançados.
Acolher os pobres neste significativo dia, não consiste apenas em celebrar com eles a data, mas se reunir ao entorno da Mesa Eucarística e ir ao encontro do Cristo Vivo e Ressuscitado, o único que nos dá o verdadeiro sentido da vida. Ao redor do altar, somos todos irmãos e essa fraternidade deve se expandir por todos os ambientes em que estamos inseridos e, desta forma, dar testemunho de uma vida cristã. Assim, levaremos Cristo, a esperança de todos, àqueles que por um motivo ou outro, foram ficando excluídos e perdendo a dignidade ao longo do tempo.
Hoje com o advento da realidade virtual, dois grandes mundos abrem-se a nossa frente, o real e o virtual, com isso, a pobreza é cada vez mais deixada de lado, esquecida e os pobres passam a ser apenas personagens de uma história que talvez, tenham um final feliz. Os pobres muitas vezes são figuras dramáticas de histórias e projetos políticos que comovem, mas quando o pobre é encontrado de forma física, ele é marginalizado, e por muitas vezes, passa despercebido, assim como na passagem do Samaritano. No ano em que celebramos 60 anos da Encíclica Pacem in terris, de São João XXIII, faz-se necessário relembrar o trecho que ele fala sobre a dignidade humana. “E, ao nos dispormos a tratar dos direitos do homem, advertimos, de início, que o ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos recursos correspondentes a um digno padrão de vida: tais são especialmente o alimento, o vestuário, a moradia, o repouso, a assistência sanitária, os serviços sociais indispensáveis. Segue-se daí que a pessoa tem também o direito de ser amparada em caso de doença, de invalidez, de viuvez, de velhice, de desemprego forçado, e em qualquer outro caso de privação dos meios de sustento por circunstâncias independentes de sua vontade”. (Pacem in terris – n.º 11).
Com a graça de Deus, temos abnegadas pessoas que despõem do seu tempo e doam-se para resgatar o mínimo de dignidade aos que estão excluídos. Os pobres são pessoas que possuem em seus rostos, uma história, coração, alma e sentimentos. São irmãos que assim como cada um de nós, possuem imperfeições e apenas os que realmente tiveram o encontro pessoal com Cristo, e assim, vivenciaram o verdadeiro amor de Deus, é que vão conseguir olhar para o pobre e enxergar as suas necessidades, antes de os rotular e desprezar. Assim, interessar-se pelos pobres não é apenas dar esmolas, mas estabelecer relações interpessoais com eles, que vale mais que qualquer dinheiro que se possa dar.