27º Domingo do Tempo Comum
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
1ª Leitura (Isaias 5,1-7)
No tempo de Jesus quase todas as famílias tinham uma vinha (que produz a uva para a fabricação do vinho). Isaias conta que um agricultor tem uma vinha muito grande, muito apreciada pelo seu dono (1), porque se trata de uma vinha muito especial, foi plantada com videiras selecionadas (2), de cepas nobres, vigorosas, que o dono importou do exterior e lhe custaram muito dinheiro.
O lugar aonde ele a plantou (3) é um dos mais privilegiados: na encosta de uma colina, lugar ideal para as videiras tomarem muito sol; os cachos, quando amadurecerem, terão a típica cor roxa, sinal de uma uva de primeira qualidade (6), que dará um vinho de bom paladar e forte.
O terreno foi bem cuidado: espinheiros e ervas daninhas foram arrancados e as pedras (4) recolhidas e usadas para construir uma torre (5) e um muro de proteção para defende-la dos ladrões e dos animais selvagens.
Passaram-se dois anos, chega o tempo da primeira vindima e eis que há decepção muito grande: o tão apreciado vinhedo produziu somente uva ácida, amarga, intragável. Os vizinhos, aos quais muitas vezes manifestou os encantos do seu vinhedo, riem e zombam dele.
Todos os pormenores desta história têm um sentido simbólico: o senhor (1) é Deus; as videiras selecionadas (2) são os israelitas que o Senhor foi buscar lá fora, no Egito; a terra fértil (3) na qual este povo foi transplantado é a Palestina; as pedras (4) que se encontravam no campo e foram removidas, eram os povos que ocupavam a Palestina antes da chegada dos israelitas; a torre de proteção (5) é a dinastia de Davi.
Os frutos (6 a uva de boa qualidade e doce) que o senhor esperava são as obras que Deus esperava encontrar no seu povo: fidelidade à aliança, justiça social, amor ao pobre, ao órfão, à viúva. Colheu de fato somente uvas amargas, azedas e ásperas.
Na alegoria da vinha contrapõem-se duas atitudes: Deus executa gestos de amor e o povo responde com ritos e manifestações de religiosidade.
2ª Leitura (Filipenses 4,6-9)
Nos primeiros versículos da leitura de hoje (vers. 6-7), Paulo afirma que nada pode destruir a paz e a alegria de um cristão, nada pode lhe causar angústia, se ele permanece unido a Deus na oração.
Na segunda parte (ver. 8-9) ele apresenta uma lista de virtudes humanas que os cristãos devem cultivar na própria vida; trata-se daquelas qualidades e virtudes que no mundo inteiro são apreciadas e valorizadas. Tudo o que nos torna simpáticos, atraentes, amáveis, honrados, respeitados, deve ser cultivado por qualquer cristão. Não se pode pretender ser discípulos de Cristo se não formos também homens íntegros e respeitáveis.
A recomendação de Paulo é muito importante porque existem cristãos que se julgam “santos”, que seguem todas as regras, até as mais minuciosas da religião, mas são antipáticos, intratáveis, resmungões. Estarão eles prestando um bom testemunho da própria fé?