Um padre santo
Ao longo de mais de um ano publicamos aqui 59 crônicas sobre a obra e o legado do padre Taddei. Gostaria de encerrar esta série com um depoimento pessoal. Na infância e juventude tive a alegria de conhecer uma antiga zeladora do Apostolado da Oração de Itu, Ignácia de Souza Costa (dona Sinhá) que foi presidente do movimento em Itu por mais de cinquenta anos. Quando jovem, ela conheceu o padre Taddei e se lembrava com carinho do bem que fazia à sua alma aquele homem, bom amigo de seu pai, que vivia com os pés na eternidade. Ela falava do envolvimento entre eles – Taddei e seu pai (Francisco Mariano da Costa Sobrinho) em momentos de heroico zelo no atendimento às epidemias em Itu.
O Dr. Brasílio Machado, intelectual abolicionista, liderança católica no século XIX, escreveu: “O Padre Taddei foi o sacrário portátil da devoção do Divino Coração”, querendo revelar a santidade que ele não quis guardar para si. O Arcebispo da Paraíba, dom Moisés Coelho, em 1937, assim se referiu ao padre Taddei como orador sacro: “Foi o primeiro sacerdote que vi pregando retiro ao clero (…) não exagerando, se disser que esse santo sacerdote contribuiu não pouco para a decisão e firmeza de minha resolução à vocação divina ao sacerdócio.” E não são poucos os que tiveram sua vocação sacerdotal despertada pelo bom missionário, exemplo de desapego do mundo e vida espiritual de intensa comunicação com Deus. Temos aí os depoimentos de dois intelectuais. Podemos imaginar o quanto diria o povo iletrado que percebeu a grandeza de Taddei e não a pôde registrar. Melhor testemunho que os antigos monçoeiros paulistas não há: ao se despedirem do padre Taddei em uma missão, diziam: “Adeus padre santo de Itu!”
Taddei era um homem jovial, cercado de admiradores, como relata o padre Elpídio Tapiranga, que trabalhou com ele na arquidiocese da Bahia: “Sempre alegre, comunicativo, de espírito atraente, por onde quer que se o apanhasse. Um sorriso de expansão dominante estava sempre a lhe aflorar aos lábios, como demonstrando uma alma santa, que queria imprimir nas outras o gosto de serem só de Deus.” Esses relatos nos soam como odores de santidade, sobre alguém que escolheu fazer o bem e servir, estar pronto para acolher os outros, ouvir e inflamar na gente o amor e a grandeza da misericórdia.
A Igreja de hoje precisa de bons exemplos, que tragam ao povo de Deus histórias extraordinárias de vida e maturidade na fé. O caminho para a santidade é penoso porque se constrói com renúncias.
É essa figura paterna e grandiosa que a Rede Mundial de Orações pelo Papa, o nosso Apostolado da Oração quer apresentar à beatificação. Ao chegar aos altares das nossas igrejas, a imagem do padre Taddei será não só a do intermediador junto do Pai, mas também o convite constante para que nós sejamos santos como ele.
Padre Bartolomeu Taddei, rogai por nós!