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Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

O Batismo é o primeiro sacramento que recebemos, ele é a porta de entrada para a Igreja e para toda a vida sacramental. A palavra batismo vem do grego baptisma e significa imersão, banho, mergulho. Batizar é lavar, purificar, mergulhar na água. O Batismo cristão tem sua origem no próprio Jesus Cristo que enviou seus discípulos para evangelizar os povos e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Trata-se de uma purificação feita com água que lava o pecado original, dando ao batizado uma nova condição de existência. Confere uma vida nova. O Batismo é um ato que confirma a conversão e insere o ser humano, criatura nova, em Cristo Jesus.
A matéria do sacramento é a água, e a forma são as palavras: “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Fórmula que vem do mandato de Jesus aos seus discípulos: “Batizai-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. (Mt 28,19).
O costume de batizar as crianças vem do Cristianismo da idade antiga, quando os adultos, abraçando a fé, queriam que também seus filhos participassem da comunidade e aprendessem, desde cedo, a conhecer e a amar Jesus Cristo. Mais tarde, a prática de batizar crianças se tornou geral. A criança não recebe o Batismo sem fé, porque ela é batizada na fé da Igreja, encarregada de educá-la no Cristianismo por meio de seus pais e padrinhos.
O Batismo de crianças não é um atentado à liberdade, porque a liberdade humana está sempre condicionada, e a criança, como nos demais níveis de vida, depende de seus pais a respeito da fé e do Batismo. O Batismo de crianças, enfim, exemplifica melhor a gratuidade da salvação e o amor de Deus para com todos. Ao crescer, a mesma criança terá o momento oportuno para fazer a confirmação da fé por ocasião da Crisma.
No Batismo de crianças se reconhece que, desde cedo, a pessoa já faz parte da família de Deus e, pelo Batismo, é acolhida na comunidade dos seguidores de Jesus Cristo. Nessa comunidade, ela vai aprender a amar e a conhecer Jesus. Os pais e padrinhos, junto com a comunidade, estão comprometidos com a missão de alimentar e sustentar a fé da criança.
Um texto de Orígenes, no Cristianismo dos primeiros séculos, afirma: “A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de administrar o Batismo também às crianças.” Assim, se tem a confirmação de que, no início da Igreja, desde o século II, havia o Batismo de crianças, ainda que fosse em raras ocasiões. No tempo da pregação apostólica, casas inteiras eram batizadas, o que nos leva a pensar que também as crianças recebiam esse sacramento diante de um lar cristão.
Uma vez que as crianças nascem já com a natureza humana marcada pelo pecado original, é necessário que recebam o Batismo. Os pais cristãos não esperam que elas cresçam para receber as graças que o Batismo confere. A Igreja e os pais impediriam as crianças de receber a graça de serem filhas de Deus, se não administrassem a elas o Batismo pouco depois do nascimento; assim, se entende a necessidade de batizar as crianças o quanto antes.
Evidentemente, o Batismo realizado em crianças supõe uma catequese pós-batismal, para que a pessoa entenda a graça recebida e cresça em sua vida espiritual.