21º Domingo do Tempo Comum
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Isaias 22,19-23)
Acontece às vezes que quem exerce o poder político, ao invés de preocupar-se com os problemas do povo, pensa em seus próprios interesses, favorece parentes e amigos e emprega o dinheiro público para construir suas mansões. A leitura nos diz que aconteciam também nos tempos de Isaias.
Encontramo-nos no reinado de Ezequias (século VIII a.C.) e o primeiro ministro é um certo Sebna que se deixa corromper com presentes e que, com o dinheiro do povo, começa a construir para si um monumento de mármore.
Em seguida é descoberto e destituído do cargo e, para ocupar o seu lugar, o rei escolhe Eliakim, filho de Chelkia. A liturgia nos propõe a narração deste fato por suas razões:
1. O trecho descreve de que maneira, naquele tempo, era conferido o poder ao primeiro ministro: o rei arrancava o manto e o cinto do ministro indigno. Depois, com essas insígnias, revestia o novo encarregado e lhe punha nas costas as chaves do seu palácio.
2. Encontramos o segundo ensinamento nas palavras do versículo 21, que descreve a autoridade de Eliakim: “Ele será como um pai para os habitantes de Jerusalém, e para todo o povo de Judá”. Isto também nos prepara para entender em que consiste o serviço da autoridade que Jesus conferiu a Pedro (as chaves do seu Reino).
Não se trata de um poder semelhantes ao dos chefes políticos, não é uma autorização para fazer e impor o que bem se entender, e muito menos é um direito de receber honras e privilégios. Consiste sim, em ser um pai a sacrificar-se pelos filhos.

2ª Leitura (Romanos 11,33-36)
O trecho de hoje conclui a ampla exposição do problema que angustia Paulo: a recusa dos judeus de reconhecer em Jesus o Messias. Vimos que deles veio um resultado positivo: a entrada dos pagãos na igreja. Além disso, foram as perseguições por parte dos judeus que obrigaram os discípulos a abandonar Jerusalém, a dispersar-se pelo mundo (conhecido da época) a anunciar o evangelho aos pagãos (Atos 11,19-21).
Diante dessa “habilidade” de Deus em conduzir os acontecimentos da história e em extrair o bem até do mal, Paulo exclama: “Quão grande é sabedoria e a ciência de Deus e como são imperscrutáveis os seus desígnios e inacessíveis os seus caminhos (Rom 11,33).
Nós nos defrontamos todos os dias com problemas e situações que não têm explicação humana. Não adianta perguntar-nos por que uma criança morre, por que acontecem desastres, por que o justo sofre, por que existem tantas injustiças. Devemos reconhecer, como diz a leitura, que os caminhos do Senhor são “impenetráveis”.