A fama de santidade
Não é de hoje que se fala das atitudes heroicas do P. Bartolomeu Taddei. Desde a sua morte, em 1913, os devotos do Apostolado da Oração e os padres da Companhia de Jesus queriam que a Igreja o reconhecesse oficialmente como um santo. As pessoas que o conheceram falavam do odor de santidade, da admiração geral a um homem conhecido em todo o Brasil daquele tempo, conhecido porque ele esteve por toda parte falando do Coração de Jesus e da devoção do Apostolado da Oração, diocese a diocese, paróquia a paróquia.
Já na década de 1930, em um levantamento dentro da Companhia de Jesus no Brasil apontava-se o nome do padre Taddei como um daqueles benditos que deveriam ser investigados sobre a sua vida extraordinária e levados à Santa Sé para serem elevados ao culto dos santos. Não só em muitos relatos pela revista Mensageiro do Coração de Jesus houve depoimentos sobre ele, mas também as pessoas que conviveram de perto com o padre santo de Itu.
Quando jovem, eu ouvi muitas vezes da então presidente do Apostolado da Oração do Bom Jesus, Sra. Inácia de Souza Costa Carneiro (Dona Sinhá), sobre a sua convivência com o padre Taddei e a sua presença extraordinária. Da mesma forma, alguns jesuítas que passaram pelo Colégio São Luís ou pela Escola Apostólica que funcionou junto dele, falavam da notória santidade do padre Bartolomeu Taddei. A eles, tão jovens, a sua presença de fé e oração, com os pés já na eternidade, servia de paradigma a quem também pretendia se tornar missionário. E era assim que muitos o viam, um homem que vivia mais no reino de Deus do que da humanidade, que falava de uma realidade espiritual na qual estava inserido, em comunicação constante com Deus, um místico que viera revelar a riqueza do Coração de Cristo.
Um dos passos importantes para guardar a sua memória, e abrir a causa de beatificação, seria trasladar seus restos mortais para a igreja, onde pudessem ser visitados. Cumprir-se-ia também um desejo do padre Taddei: repousar junto à joia arquitetônica que construiu em honra do Sagrado Coração de Jesus, o santuário de Itu.
Passaram-se dez anos. Em 1923 zeladores e zeladoras se organizaram para lembrar a efeméride com a inauguração de um espaço em sua homenagem, chamando-o “Salão Padre Taddei” construído a partir da doação de um velho cinema, doado em testamento pela Sra. Maria Cândida Jordão Malheiros. Serviria para o catecismo, seus eventos, ensaios de música e dança. O novo salão trouxe comodidade e novas possibilidades à comunidade que só crescia. Anualmente cerca de trezentas a quatrocentas crianças faziam a primeira comunhão e logo entravam para o Apostolado. Em 11 de fevereiro foi inaugurado com grande festa o novo espaço, bem em frente à igreja do Bom Jesus. Quantas romarias, anualmente, foram recebidas ali, para descansar, para um lanche, abrigar-se do sol forte ou da chuva!
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
“Padre Luiz D’Elboux”