Papa Francisco: Confiemos em Jesus, o único que pode nos salvar das tempestades da vida
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“Eu entrego o timão da minha vida a Jesus?” Foi a pergunta que o Papa Francisco fez aos fiéis reunidos na Praça São Pedro para a oração mariana do Angelus neste domingo (13/08). O Pontífice comentou o Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum, que narra um prodígio “especial” de Jesus: Ele, de noite, caminha sobre as águas do lago da Galileia ao encontro dos discípulos que estão realizando a travessia no barco.

Por trás desse caminhar sobre as águas há uma mensagem não imediata a ser compreendida, explicou o Papa. Naquele tempo, com efeito, as grandes extensões de água eram consideradas moradas de forças malignas não domináveis pelo homem; especialmente se agitadas pela tempestade, os abismos eram símbolo do caos e evocavam as obscuridades dos habitantes das profundezas.

Ao se encontrarem bem no meio do lago, no escuro, os discípulos sentiram medo de afundar, de serem aspirados pelo mal. Eis então que chega Jesus, caminhando sobre as águas, ou seja, sobre aquelas forças do mal, e diz aos seus: «Coragem, sou eu, não tenhais medo!».

Eis o sentido do gesto: as potências malignas, que nos assustam e não conseguimos dominar, com Jesus são imediatamente redimensionadas. Ele, caminhando sobre as águas, quer nos dizer: ‘Não tenham medo, eu domino seus inimigos’. Bela mensagem, domino os seus inimigos, não as pessoas! Não são elas os inimigos, mas a morte, o pecado, o diabo: esses são inimigos das pessoas, os nossos inimigos. E Jesus espezinha esses inimigos por nós.

Francisco ressaltou que hoje Cristo repete a cada um de nós: “Coragem, sou eu, não tenham medo!”. Coragem, ou seja, porque estou aqui, porque você não está mais sozinho nas águas agitadas da vida. Aos nos depararmos em mar aberto e à mercê de ventos contrários, acrescentou o Papa, devemos fazer duas coisas que os discípulos fazem no Evangelho: eles invocam e acolhem Jesus.

Invocar e acolher Jesus

Na narração, Pedro caminha brevemente sobre as águas em direção a Jesus, mas depois se assusta, afunda e grita: «Senhor, salva-me!».

“É bela esta oração, com a qual se expressa a certeza de que o Senhor pode nos salvar, que Ele vence o nosso mal e os nossos medos”, disse ainda o Papa, convidando os fiéis a repeti-la todos juntos três vezes: “Senhor, salva-me!”.

Depois, os discípulos acolhem Jesus no barco. Diz o texto que, assim que entrou a bordo, «o vento se acalmou». O Senhor sabe que o barco da vida, assim como o barco da Igreja, está ameaçada por ventos contrários e que o mar no qual navegamos está com frequência agitado.

Ele não nos preserva da fadiga de navegar, pelo contrário – destaca o Evangelho – impulsiona os seus a partir: isto é, nos convida a enfrentar as dificuldades, para que também essas se tornem locais de salvação, ocasiões para encontrá-Lo. Ele, com efeito, nos nossos momentos de escuridão vem ao nosso encontro, pedindo para ser acolhido, assim como aquela noite no lago.

Perguntemo-nos então: nos medos, nas dificuldades, como me comporto? Vou adiante sozinho, com as minhas forças, ou invoco o Senhor com confiança? E como vai a minha fé? Creio que Cristo é mais forte do que as ondas e os ventos contrários? Mas sobretudo: navego com Ele? Eu o acolho, lhe dou lugar no barco da minha vida, nunca só, sempre com Jesus, confio o timão a Jesus? Que Maria, mãe de Jesus, estrela do mar, nos ajude a procurar, nas travessias obscuras, a luz de Jesus.

Francisco reza pelos migrantes, pelas vítimas dos incêndios no Havaí e pede orações pela paz

Após o Angelus, Francisco usou as palavras “dor e vergonha” ao se referir aos quase dois mil migrantes mortos ao tentar chegar às costas europeias somente em 2023:

Outro trágico naufrágio ocorreu há poucos dias no Mediterrâneo: 41 pessoas perderam a vida. Eu rezei por eles. E com dor e vergonha devemos dizer que desde o início do ano quase dois mil homens, mulheres e crianças já morreram neste mar tentando chegar à Europa. É uma chaga aberta da nossa humanidade. Encorajo os esforços políticos e diplomáticos que procuram curá-la com espírito de solidariedade e fraternidade, assim como o empenho de todos aqueles que trabalham para prevenir os naufrágios e resgatar os migrantes.

O Santo Padre voltou a rezar pelas vítimas dos devastadores incêndios na ilha de Maui. Em telegrama enviado no sábado (12/08) ao núncio apostólico nos Estados Unidos, dom Cristophe Pierre, Francisco expressou seu pesar pelos mortos e vários desaparecidos, e sua “solidariedade com os que sofrem com esta tragédia, em particular aqueles cujos entes queridos estão mortos ou desaparecidos”.

Desejo também assegurar a minha oração pelas vítimas dos incêndios que devastaram a ilha de Maui, no Havai.

Ao final, Francisco reforçou seu pedido recorrente de que rezemos pela paz. Além de orações pela “martirizada Ucrânia, que tanto sofre com a guerra”, o Papa convidou todos a unirem-se em oração pela paz em Camarões, em iniciativa que terá lugar nesta segunda-feira na capital do departamento de Mifi:

Amanhã, véspera da festa de Nossa Senhora da Assunção ao Céu, realiza-se em Bafoussam, Camarões, a peregrinação para pedir a paz no país, ainda marcado pela violência e pela guerra. Unamo-nos em oração aos nossos irmãos de Camarões para que, por intercessão da Virgem, Deus sustente a esperança do povo que sofre há anos e abra caminhos de diálogo para alcançar a concórdia e a paz.

(Fonte: Vatican News)