Colocar a esperança em Deus
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A esperança perdida devido às injustiças e sofrimentos dos pobres, não serão esquecidas, pois a última palavra não será dos homens mas sim do Deus altíssimo. Assim como na época em que o autor sagrado escrevia os Salmos 9 e 10, que devido à grande crise financeira e econômica, pessoas não conseguiam acompanhar o ritmo da sociedade e ficavam à margem, perdendo assim, a dignidade de homens e mulheres que foram criados à imagem e semelhança de Deus.

As pessoas perdiam o sentido de Deus e o grupo dos excluídos, assim como hoje, crescia e cada vez mais pessoas perdiam o sentido da vida! A realidade hoje não é muito diferente de quando o autor sagrado escreve, é cada vez mais notório o número de pessoas que perde a esperança em tempos melhores, de certa forma se acomodam e muitas vezes se entregam a vícios que levam a um prazer ilusório.

Hoje várias formas de escravidão ofuscam o brilho nos olhos de muitos pais de família e jovens que de forma violenta sofrem a exploração e a violência de míopes políticas públicas, que buscam olhar apenas para um lado e esquecem da prática da solidariedade e caridade, aumentando desta forma, o número de marginalizados.

Não é incomum ver pessoas revirando latas de lixo, em busca de alguma coisa para comer. Infelizmente o julgamento da coletividade é unânime e condenatório, relegando a esses o rótulo de parasitas, tornando-se assim, uma ameaça para sociedade. É um drama dentro de um drama, onde na maioria das vezes o cansaço e o desânimo batem todos os dias nas costas destes que percorrem todos os cantos da cidade, em busca de abrigo e afeto.

O ato de desviar o olhar dessa triste realidade é deixar de oferecer aos pobres a oportunidade de ter acesso à dignidade dos filhos de Deus e negar-lhes a oportunidade de ter esperança.

Contudo, é preciso avaliar, que mesmo a tristeza imposta pela sociedade a essas pessoas que vivem à margens de um padrão social, é nos pobres que muitas vezes encontramos uma fé viva, que surpreende a todos. Neles muitas vezes, estão a grandeza de Deus que falta em nós, nos corações daqueles que muito tem. A grandeza abundante de Deus nos corações dos menos necessitados, faz com que as dificuldades sejam superadas e algo bom esteja por acontecer. Cria a esperança de que a palavra final não é de um homem ou uma mulher, mas sim de Deus, por isso vivem sempre na presença de Deus, que os ouve.

A Sagrada Escritura afirma que não devemos ter medo dos pobres, Jesus não teve, muito pelo contrário se aproximou e teve compaixão. “Sempre que fizeste isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” Mt 25,40. Esquivar-se dos pobres, é tentar ludibriar o Evangelho e se afastar de Deus. Ao se aproximar dos pobres, a Igreja manifesta o compromisso do anúncio do Evangelho através de uma fé viva e realista.

O Papa Francisco nos diz na terceira mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, no ano de 2019. “O Senhor não abandona a quem O procura e a quantos O invocam; ‘não esquece o clamor dos pobres’ (Sl 9,13), porque os seus ouvidos estão atentos à sua voz. A esperança do pobre desafia a morte, pois sabe que é amado por Deus e assim, triunfa seu amor perante o sofrimento”.

O acolhimento de Deus aos pobres se torna forte à medida que sentem esse amor, porque nele encontram a justiça de Deus e não a dos homens.