Da tolerância ao pecado ao incentivo; do incentivo ao orgulho
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Regressando a Roma de sua viagem ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, Francisco concedeu uma entrevista a jornalistas em que, respondendo a uma pergunta, afirmou que “Se uma pessoa é gay e busca a Deus de boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”. Claro que essa fala foi usada por toda a grande mídia e pela militância GLS em prol de sua bandeira, esquecendo-se, “naturalmente”, de destacar a parte em que, logo em seguida à frase, o Papa também disse que “o Catecismo da Igreja Católica explica de forma muito bonita” o tema da homossexualidade.

Deixando de lado aquele inadvertido “quem sou eu para julgá-la” (uma vez que o Papa, antes de tudo, é um sacerdote e, por mandado de Nosso Senhor, pode sim julgar qualquer pecador, absolvendo-o, não o absolvendo ou mesmo reconhecendo a inexistência de pecado, como é o caso do gay que busca a Deus de boa vontade), fiquemos com o que ensina oficialmente o Catecismo:

“A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’ (Gn 19,1-29; Rm 1,24-27; 1Cor 6,10; 1Tm 1,10). São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados. (§ 2357)

“Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição. (§ 2358)

“As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.” (§ 2359)

O catecismo, com efeito, aborda a questão de forma muito sensata e bela, chamando atenção também que “Cabe a cada um, homem e mulher, reconhecer e aceitar sua identidade sexual. A diferença e a complementaridade físicas, morais e espirituais estão orientadas para os bens do casamento e para o desabrochar da vida familiar. A harmonia do casal e da sociedade depende, em parte, da maneira como se vivem entre os sexos a complementaridade, a necessidade e o apoio mútuos.” (§ 2333)

Portanto, estamos diante do fato de que o homossexualismo, em si, não constitui um pecado, mas a sua prática sim, como bem alertou o próprio Papa em 24 de janeiro passado, em entrevista à agência de notícias Associated Press, posicionando-se contrariamente às leis civis que o criminalizam. Toda pessoa que, por uma razão ou outra, possui tendências homossexuais é chamada a lutar contra a sua prática com todas as forças que empregaria na luta contra qualquer outro pecado porque jamais encontrará a felicidade na desobediência à Lei de Deus. E é justamente na “procura a Deus de boa vontade” que essas pessoas encontrarão a fortaleza necessária para santificar-se.

Há sem dúvida um movimento internacional globalista que, entre outros objetivos, tem o de destruição da família formada por homem, mulher e filhos, tal como concebida na Lei Natural e na Lei de Deus. Essa iniciativa é personificada sobretudo nos perniciosos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, a chamada Agenda 2030, nos quais se enquadra o chamado gayzismo que nada mais é que uma imposição totalitária. Sob a roupagem de inclusão etc. muitos acabam não percebendo o perigo de investidas como estas. E muitas empresas e instituições (públicas inclusive, com o dinheiro do cidadão), malgrado a imensa maioria de seus membros discordem intimamente de tais iniciativas, acabam por aderir ao projeto para posarem bonito diante de seus acionistas e do mercado internacional, a ponto de ser instituído o dia, e agora o mês, do “orgulho LGBT”, transcendendo da tolerância e incentivo para o orgulho das práticas homossexuais.

O cristão católico deve se opor fortemente a tudo que visa à destruição da família cristã e à degeneração do ser humano como imagem e semelhança de Deus, como é o caso da visão transigente à prática homossexual, que vem sendo imposta à sociedade. “Diligite homines, interficite errores”, nos diria o grande Santo Agostinho. “Amai os homens; destruí os erros” deve ser máxima de todo cristão: acolhimento, compaixão, apoio e amor ao pecador. Orgulho do pecado, jamais!