Paulo VI e João XXIII mostram que Deus não faz santos em laboratório
Em seu discurso aos numerosos peregrinos, Francisco iniciou dando graças a Deus por ter escolhido estes dois santos pastores para o seu ministério pontifício. Estes dois protagonistas – disse – souberam governar a Igreja em tempos de grande entusiasmo, mas também de grandes questões e desafios: a nova era do Concílio Vaticano II e os graves perigos como o terrorismo e a “guerra fria”.
Por isso, Francisco convidou os presentes a agradecerem ao Senhor pela vida destes dois Pastores da Igreja, que nasceram e viveram como filhos e irmãos em suas cidades de Concesio e “Sotto il Monte”, onde deixaram os vestígios do seu caminho de santidade. Estes lugares, ainda hoje, são metas de peregrinação para tantos homens e mulheres da Itália e do mundo. Eles encontraram conforto e apoio em suas comunidades, mas, também, as tornaram uma terra mais viva e rica na fé. O Papa expressou sua alegria porque os dois Santos puderam contar com seus concidadãos, como cooperadores de tamanho dom:
“Eles foram grandes Pastores também porque encontraram em seus caminhos bons companheiros de viagem, testemunhas do Evangelho, que os ajudaram a crescer na fé, até chegarem ao ministério pontifício. Suas famílias de origem e contextos diferentes, mas unidas pela sólida piedade cristã, viveram no trabalho árduo do campo, sem deixar seu compromisso cultural e social”.
Deus não faz santos em laboratório
A seguir, Francisco recordou que “Deus não faz santos em laboratório”, mas os faz crescer em grandes canteiros de obras, lançando sólidos alicerces para a construção do seu Reino. Estes dois santos Papas tornaram sua terra natal mais fértil e rica de santidade; trabalharam pela paz, que, com a guerra, o egoísmo e a divisão, só é devastada, como, infelizmente, vemos em muitas partes do mundo. Amar suas raízes, como nos ensina a história da Terra e da Igreja é, portanto, “amar o Evangelho de Jesus e amar como Jesus amou no Evangelho”!
Neste sentido, o Papa referiu-se à peregrinação dos fiéis de Concesio e “Sotto il Monte”, que vieram a Roma também por uma outra ocasião importante para a Igreja: o aniversário da “Pacem in terris”, a última encíclica escrita por João XXIII, onde ele destaca o valor de uma paz baseada na justiça, no amor, na verdade, na liberdade e no respeito pela dignidade das pessoas e dos povos.
Aqui, o Papa Francisco lembrou que as duas cidades, Bérgamo e Brescia, que deram à Igreja os Santos João XXIII e Paulo VI, foram escolhidas este ano como “Capital Italiana da Cultura”. E concluiu:
“A verdadeira cultura se constrói unidos no diálogo e na busca comum, que, como nos ensinou São Paulo VI, visa levar a uma vida mais fraterna, mediante a mútua ajuda, o aprofundamento do conhecimento, a abertura do coração. A cultura é amante da verdade, do bem, do homem, da sociedade e da criação. Continuem a cultivá-la em suas casas e em suas paróquias, a fim de levar adiante a missão que nos foi confiada pelos dois santos Papas: João XXIII e Paulo VI.”