Monsenhor Camilo Ferrarini: um sacerdote santo de Deus

por Milva Regina Guarnieri Savi
Em 2 de junho de 2003, há exatamente 20 anos, voltava para junto de Deus o inesquecível “Vigário de Itu”, Monsenhor Camilo Ferrarini. A emoção daquele dia tomou conta de toda cidade, ao acompanhar seu velório e seu enterro. Entre lágrimas e choro, as pessoas gritavam “Vivas” ao Monsenhor Camilo, que quis ser enterrado em Itu, pois amava esta cidade e o povo ituano.
O tempo passou e sua memória continua viva no coração de tantos ituanos que tiveram o privilégio de conhecer e conviver com o padre de sorriso largo e coração gigante, de bondade, humildade e santidade inigualáveis.
Muito culto e inteligente, Monsenhor Camilo falava diversas línguas, mas tinha uma maneira muito especial e simples de evangelizar que conseguia arrebanhar milhares de pessoas para a fé católica. Era carismático e demonstrava a importância da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a Maria Santíssima.
Na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, em Itu, implantou nas manhãs de domingo a inesquecível Missa das Crianças, às 8h30. A igreja ficava pequena, com os bancos lotados de crianças, enquanto os adultos se espremiam em pé. O altar era colocado próximo aos bancos, no meio da igreja, com os coroinhas atrás do altar, junto com os violões que animavam a missa. Era uma celebração, podemos dizer, deliciosa, com músicas e gestos que encantavam desde as crianças até os idosos. Ninguém ficava parado!
Ao final da missa, as crianças iam ao encontro do Monsenhor para toca-lo, beija-lo e abraça-lo. Ninguém ia embora sem dar tchau pro “Mon”, como era carinhosamente chamado pelas crianças. E assim, com seu jeito simplório e um amor enorme pelas crianças, Monsenhor Camilo cativava pequenos e adultos. Um verdadeiro “Bom Pastor”!
Foi ele também que deu um grande impulso à festa a Santa Rita de Cássia. Pregava sobre ela com emoção e árdua devoção, que imbuiu no coração de muitos ituanos uma grande fé na santa. Rezava missas diariamente, às 7h e às 19h, e também nas capelas rurais. Aos sábados, chegava a celebrar 7 casamentos. Aos domingos, chegou a celebrar 5 missas, na Matriz e nas capelas, todas lotadas.
Todas as tardes, pessoas de várias localidades formavam filas no portão da casa paroquial para serem atendidas por ele. Não sabia falar “não”. Sempre que o procuravam, dispunha um tempo para ouvir, dar uma palavra de carinho, conforto, orientações espirituais e conselhos.
Visitava doentes em hospitais e em casas, benzia carros, casas, empresas grandes e pequenas, sítios e onde pediam missa, lá estava ele, fosse em qualquer lugar, mesmo distante e sem ter capela, ele dava um jeito e ia!
Era muito conhecido, querido e respeitado por todos da cidade. Era difícil para ele andar pelas ruas. Era parado, cumprimentado e pediam sua bênção, beijando suas mãos. Famílias agendavam com antecedência de meses para que ele fosse almoçar em suas casas aos domingos. Todos queriam a sua presença!
Ele jamais quis deixar de ser pároco da Candelária. Mesmo após sua saída, continuou a atender as pessoas em sua casa e a celebrar missas onde o chamavam. Ao final da vida, foi acometido pela leucemia e teve seu organismo debilitado também devido à doença de Parkinson e seguidas pneumonias, o que o impossibilitou de atender as pessoas e a celebrar missas fora de sua residência. Nunca reclamou da sua doença e manteve viva a chama do amor por Deus e ao sacerdócio até seu último suspiro.
E Deus o chamou há 20 anos atrás…
Ah, que saudades do Monsenhor Camilo! Com certeza está no céu, juntinho de Deus, intercedendo por nós!
Poderia escrever páginas e páginas sobre tudo que pude viver, ouvir, presenciar e aprender ao longo dos 27 anos que convivi com ele. O que nos resta é a vontade de voltar no tempo e reviver os momentos de grande felicidade que muitos de nós passamos na infância, juventude e vida adulta ao lado desse grande sacerdote, um homem santo de Deus, exemplo de humildade e santidade.
Viva o “Mon”!
Veja também: