Lição de paz face à ameaça de destruição e guerra
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por Olga Sodré

“Aprendizagem do convívio pacífico, orientação dos impulsos e respeito às regras e ao próximo.”

É chocante uma notícia recente sobre menina de onze anos e adolescentes investigados pela Polícia Civil como integrantes de grupo ligado a uma plataforma de jogos digitais. Ao estimulá-los a disseminar ameaças e incitações ao crime, esta plataforma coloca-nos no cerne das discussões atuais sobre regulamentação das redes sociais e crise mundial da humanidade. A questão lembrou-me a lição de paz dada a outra menina por seu pai.

A menina era considerada muito agressiva e rebelde. Sua mãe procurava educá-la, batendo e colocando-a de castigo. A menina resistia cada vez mais raivosa. Um dia enfrentou sozinha um grupo de colegas do colégio que maltratavam outra colega, chamando-a de ‘judia suja’. Ela avançou contra o grupo como se fosse uma fera, mordendo e dando socos e pontapés. Embora distorcidamente, nesta situação, a menina demonstrou ter capacidade de reação à injustiça e muita coragem.

O pai da menina, percebendo que o método da mãe não estava dando certo, resolveu intervir. Um dia em que a menina e o irmãozinho brigavam, entrou no quarto das crianças e perguntou com firmeza:

– O que é isso? Por que essa gritaria toda?

As crianças surpresas pararam de brigar, e o pai indagou qual era o motivo da disputa. As crianças repetiram os argumentos que costumavam usar com a mãe:

– Foi ela que começou e pegou o que é meu. Disse o menino.

– Não, foi ele que começou. O brinquedo era meu, e ele roubou…

O pai cortou imediatamente as acusações:

– Vamos parar com isso, já! Não me interessa quem começou. Façam as pazes imediatamente! Exclamou ele.

Desconcertadas, as crianças se calaram, e o pai continuou:

– Vocês querem ser pirralhos briguentos ou heróis lutando contra o mal, como nos livros e filmes que tanto gostam?

Encantadas pelos heróis, as crianças escolheram ser também como eles.

– Os heróis brigam desse jeito? Perguntou o pai.

– Não!!! Responderam envergonhadas as duas crianças.

O pai ordenou que dessem o abraço da paz, e explicou-lhes simplificadamente uma versão sobre a passagem universal da barbárie para a civilização. Relatou que, no início da História, os seres humanos se matavam uns aos outros na luta por território e comida. Contudo, ao perceberem que iam se exterminar totalmente, começaram a fazer acordos e a construir a civilização. Concluiu, questionando-os:

-Vocês querem ser bárbaros ou civilizados?

– Mas os adultos brigam também! Argumentou a menina.

– É verdade, concordou o pai. Mas eles fazem as pazes.

Assim, as crianças aprenderam a brigar e fazer as pazes. Cresceram juntas, e acabaram muito amigas. Chegaram à juventude, quando o mundo está vivendo uma profunda crise da civilização, ameaçado por guerras, possibilidades de destruição da humanidade, acirramento da luta pela hegemonia político-econômica mundial, posse de territórios e acumulação das riquezas, crescimento da indústria bélica, domínio das tecnologias digitais, manipulação das mentes, disseminação do ódio e falsas notícias. Neste contexto, ele dedicou-se a elaborar leis de regulamentação das redes sociais; e ela tornou-se grande defensora da justiça e da paz entre as nações.

Que a paz de Cristo desça sobre nós, na próxima celebração de Pentecostes!