A primeira zeladora do Apostolado da Oração de Itu
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A primeira zeladora do Apostolado (e primeira presidente de um centro no Brasil, o de Itu) foi a sra. Carolina Amália Galvão. Nascida em Itu a 27 de junho de 1847, era a mais nova de sete irmãos de uma família abastada, de produtores rurais. Os seus pais, José Galvão de França Pacheco e Antonia Maria Galvão foram proprietários de terras e fabricavam açúcar. O irmão mais velho, José, mudou o ramo da produção para o algodão, tornando-se um dos primeiros industriais de São Paulo e pioneiro na organização da cidade de Salto.

Carolina era sobrinha bisneta de Santo Antonio de Santana Galvão (1739 – 1822), o primeiro santo brasileiro, canonizado em 2007 por Bento XVI. Ela inclusive serviu como testemunha de seus milagres, pois seus pais e avós o conheceram quando morou no Convento Franciscano de Itu. Contava que o tio previra a Revolução do Porto (1820) e que chamou o povo a rezar pedindo a paz para Portugal!

A sua participação no Apostolado se iniciou quando contava 24 anos.

Por um tempo Carolina viveu em Capivari, administrando a fazenda com os irmãos, mas retornou a Itu na década de 1890, quando reassumiu as funções de presidente do Apostolado. Era conhecida por sua ativa participação na comunidade religiosa, grande benfeitora da Igreja e no socorro aos pobres, por exemplo, da Santa Casa de Misericórdia.

Em 1899 organizou a biblioteca das zeladoras em sua casa. Morava à Rua do Carmo, nº 21, próxima à Igreja Matriz. A coleção, benta e inaugurada pelo diretor do Mensageiro, Cônego Zacharias Lopes dos Santos Luz, continha livros e revistas, inclusive os exemplares do Mensageiro, hoje preservados na Biblioteca Histórica.

No Ano Santo de 1900, ela foi a representante de Itu na peregrinação brasileira a Roma, Paray-le-Monial e Lourdes. Na viagem de dois meses, organizada pelo padre Taddei, Carolina Amália conheceu o papa Leão XIII e recebeu dele um diploma de Indulgência Plenária, ainda preservado por seus familiares.

Carolina contribuiu enormemente com recursos para a construção do Santuário de Itu, como lembrava seu sobrinho Joaquim Galvão de França Pacheco Neto (Joque), guardião de fotos e documentos, falecido em 2021.

Solteira e de notável trajetória espiritual, Carolina viveu longos 102 anos, vindo a falecer a 7 de maio de 1949. Três anos antes, quando o Brasil católico comemorou o jubileu de diamante (75 anos) de fundação do Apostolado, com 99 anos ela era a única testemunha viva e lúcida dos primeiros capítulos dessa história no Brasil. Ainda narrava com detalhes os feitos heroicos do padre Taddei com quem viveu grande intimidade espiritual. Contava de suas missões, do surgimento dos Bilhetes Mensais e das primeiras peregrinações dos devotos do sagrado Coração a Itu.

Carolina Amália e outras zeladoras foram pioneiras na constituição de uma verdadeira Igreja doméstica, levando a oração diária para suas famílias, insistindo na formação religiosa dos filhos e sua preparação precoce para a primeira Eucaristia.