A inutilidade do nada
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Todo leitor, perante essa intitulação aí de cima, nenhuma censura vai sofrer se, simplesmente, desistir de ler o que vem em seguida. Para por aqui e pronto.

O que haveria de mais desprezível do que a “inutilidade” em si e o vazio do “nada”?

As cores, as mais comuns, como o branco, o preto, o verde, o amarelo e o vermelho que sejam e, a partir daí, com uma infinidade de matizes, se complementam, no mais agradável dos coloridos. Destarte, pelo menos, oferecem algo de concreto. Na maioria, contudo, não escapam à sua finitude. De mau gosto, porém, dizê-las murchas com o tempo.

Esta crônica, então, chega ao seu quarto parágrafo, – mera abertura que se lhe conceda – mas ainda sem ingressar no fulcro de uma difícil análise.

É vaga. Semelha tender para o nada. Tal como se estivesse dependurada num suporte imaginário, tanto leve como insosso, a limitar-se apenas em acumular vocábulos.

Mas aí é que se liga a temática de hoje, quiçá até em dizer sem falar e tentar dar vida ao que, no final das contas, se deposita no que possa haver de inócuo.

Talvez então, para alguém que perseverou a vir até aqui, lícito imaginar que o ignoto possa despertar atração e, se assim for, quase a antecipar o desiderato deste enfoque. Seria algo até estranho, uma vez mantida intenção da temática por ora pretendida.

O imponderado tem desses expedientes. Entre outros, o de entrar sem mais nem menos em seara de objetivos incertos ou não. Entretanto, é de se conceder que alguém, a esta altura, até indague para onde estivesse a ser levado. Mesmo assim vigora a dubiedade sobre até que ponto este ou aquele tem poderes, consciência e domínio, prante tantos disparates transformados em ditames sem causa.

Reviravoltas espontâneas, premência do tempo a diluir-se como água espalhada no chão, podem comprovar por si, que tudo seja absurdamente enorme na pequenez de sua limitação.

Ache, tente ao menos, aliar um plano ou compromisso na mais estonteante das barafundas, mas sem o avesso do insólito e do surpreendente.

Emanam, qual vulcão fumegante, imposições do momento, a impedir ao ser humano um minuto a mais para pensar. Ele, cada um, todos agem insuflados de buscas e propósitos, mas movidos por verve estranha. Esta, de repetitiva, simula a terceiros ser aquele o caminho.

Imprime-se à vida uma carreira desabalada, na qual o ser humano soçobra impotente e, sem o perceber, amarrado. Tão veemente esse impulso que o imponderado se faz regra espontaneamente obrigatória. Sim, aceita sem a mínima reflexão.

Correr, resolve? Teoricamente sim, se espaço houvesse.

Os apelos, a verve subordinada, o “non sense”, preconizam todas as pretensas lições e regras do hoje.

Não, você não é você.

Encontre-se no todo, se conseguir desvencilhar-se das amarras.