Quaresma: tempo de reaproximar-se de Deus pelo Sacramento da Confissão
O sacramento da Reconciliação, também chamado de Penitência ou Confissão, é um sacramento que deve ser celebrado pelos cristãos com maior assiduidade. Não só se confessar pela Páscoa da Ressurreição, mas confessar-se sempre. Por este sacramento, o cristão recebe da misericórdia de Deus o perdão de seus pecados e, ao mesmo tempo, é reconciliado com a Igreja, à qual feriu com o pecado.
O pecado é uma ofensa a Deus; somente Ele pode perdoá-lo! Jesus, que é Deus bendito, tem o poder de perdoar os pecados: “O Filho do homem tem o poder de perdoar os pecados sobre a terra” (Mc 2,10). Este poder, ele concedeu à Igreja para que o exerça em seu nome: (…) “Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu” (Mt 18,18). (…) É importante compreender que o padre não é dono do sacramento da Penitência, é ministro (= servidor): ele somente pode perdoar em nome de Cristo e da Igreja. (…)
Recordemo-nos que o pecado é uma ruptura da comunhão com Deus que nos desarruma interiormente e nos faz também romper com os irmãos na fé. O pecado provoca sempre uma ferida não só em nós mesmos, mas também em todo o Corpo de Cristo, que é a Igreja: eu me torno um membro ferido do Corpo de Cristo, prejudicando todo o Corpo do Senhor.
Assim, o perdão nos restitui a amizade de Deus, a sua graça em nós, dando-nos a verdadeira paz interior, sendo uma verdadeira ressurreição espiritual. É importante notar que essa paz é dada mesmo quando eu não a sinto de modo sensível. Se a confissão foi sincera, o perdão está dado e a pessoa perdoada, mesmo que não sinta. Se a pessoa não confessou com sinceridade ou escondeu pecado, mesmo que se sinta perdoada, o perdão não está dado! Não se trata, portanto, de sentimentos, mas da realidade do Sacramento, que é ação de Cristo e da Igreja.
O Sacramento também nos reconcilia com a Igreja, comunhão dos irmãos em Cristo, de quem o pecado nos separa. Assim, eu me torno mais forte, pois novamente estou em comunhão com meus irmãos e com a vida da Igreja, que é dada na Palavra do Senhor e nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia. (…)
A Igreja pede que pelo menos uma vez ao ano, na Páscoa do Senhor, nos confessemos e comunguemos. Aqui, é necessário deixar bem claro que isto é o mínimo que se pede! Quem ama não dá o mínimo; procura dar o máximo. Neste tempo de Quaresma somos convidados a “fazer Páscoa”! Entrar na morte com Cristo e com Ele ressurgirmos como homens novos. (…)
Não nos esqueçamos de que sempre que cometemos algum pecado mais grave é necessário recorrer ao Sacramento da Confissão. Aproveitemos os “mutirões de confissão” que acontecem nestes dias.
Boa confissão neste tempo favorável e excelente mudança de vida!
(adaptado de texto de Dom Orani João Tempesta, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro)