A partir de suas experiências locais, participantes da Assembleia do Cone Sul contam suas histórias de vivência sinodal
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Cerca de 186 representantes da Igreja Católica da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Brasil estão reunidos na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF), para a Assembleia do Cone Sul da Etapa Continental do Sínodo sobre a sinodalidade. Nesse evento, cada grupo tem dado sua contribuição a partir da sua realidade local e celebra o momento de vivência sinodal.

Grupo de trabalho reunido durante Assembleia do Cone Sul. Crédito: Fabrício Preto

Convidado para participar, o Luís Felipe Filho Fialho, representante da Pastoral da Juventude no regional Norte 1 da CNBB (que compreende os estados de Amazonas e Roraima), conta que tem refletido nos grupos de escuta da Assembleia do Cone Sul sobre tudo aquilo que diz respeito à vida da juventude, principalmente a juventude da Amazônia.

“Ser uma juventude amazônida, ser uma juventude que vive na floresta, que encarna essa realidade e como trazer essa vivência para dentro da Igreja, então a partir dessa experiência da juventude em diversos campos (floresta, rios, quilombolas, indígenas) fomos pautando, a partir do horizonte da sinodalidade, vendo toda essa pluralidade da juventude amazônida se tornando singular”, apontou.

Ele conta que o seu grupo local trouxe suas lutas, desafios de vida, projetos de vida e que com isso foram ajudando a construir  – com todo o corpo místico da Igreja da região de Manaus -, as angústias e anseios para se tornar síntese.

“E quando a gente chega nessa Assembleia Sinodal eu vou percebendo tantos anseios que vieram da minha realidade, da Amazônia, e isso me enche de esperança, sobretudo, a do Cone Sul, porque estamos tendo contato com vários jovens, de trocas de experiências e a gente vai percebendo que alguns desafios são os mesmos; eles só vão mudando de localidade, de rosto, de língua. Muito mais do que olhar e se sensibilizar com essa realidade é encarná-la e assumí-la dando respostas concretas”, salientou.

Experiência positiva  – Para ele, a Assembleia do Cone Sul tem sido um momento de proposições para se construir junto com a Igreja. “A nossa responsabilidade é muito grande, então avalio que está sendo muito positiva essa experiência, sobretudo, metodológica, e isso tá favorecendo muito o diálogo, a oração e a proposição”.

Irmã Malvina Moraes, da Congregação das Irmãs Mercedárias da Caridade. Crédito: Larissa Carvalho/Ascom CNBB

Irmã Malvina Moraes, da Congregação das Irmãs Mercedárias da Caridade, atua no norte da Argentina. Ela conta que sua escolha para participar da Assembleia Eclesial do Cone Sul foi por uma “convenção de Deus”.

“Fomos adentrando nesse caminhar e por uma convenção de Deus fui escolhida para participar da Assembleia Eclesial a nível latinoamericano e foi como abrir o coração muito mais e sentir que era necessário empreender esse caminho juntos”, disse.

Na cidade dela, a primeira consulta foi realizada com a Igreja e depois o processo foi sendo realizado nas Assembleias diocesanas, na vida religiosa e, assim, as pessoas foram interiorizando a experiência. “Sentimos que é necessário caminhar juntos e dar respostas a necessidades que vão surgindo em nossa Igreja, por isso é necessário esse processo de escuta. A partir dessa escuta estamos fazendo um caminho juntos e tentando ser uma igreja sinodal”, comenta.

Presença do espírito – Para a irmã Malvina, nesse encontro tem sido muito importante a presença de espírito. “Estamos em um Pentecostes. A escuta do espírito que sofre é muito forte. Que tenhamos a ousadia de sair e realmente mostrar um Cristo vivo para muitas vidas. Eu avalio como um momento histórico, um Kairóz”, disse.

Mirian de Oliveira Nascimento, da diocese da Campanha (MG),  fez parte da Equipe de Animação do Sínodo, que esteve responsável por colher contribuições das dioceses e produzir um material nacional. Ela conta que desde o início, em sua diocese, tentaram já de imediato fazer um trabalho de conscientização e de divulgação do Sínodo. “Fizemos folders, lives, encontros paroquiais, com seminaristas, para mostrar a metodologia do Sínodo e o que significava esse caminhar juntos que o Papa Francisco sempre queria”.

Mirian de Oliveira Nascimento e Luís Felipe Filho Fialho. Crédito: Larissa Carvalho/Ascom CNBB

“Nós já vínhamos da experiência da 1º Assembleia Eclesial, então já tínhamos feito um trabalho de escuta, de conversar com as pessoas, tentar mostrar o que era sinodalidade. Então conseguimos uma adesão muito grande dos padres, as paróquias se envolveram muito, os coordenadores se envolveram, a partir de um folder que foi distribuído em toda a diocese e isso chegou na mão das pessoas mais simples que puderam entender e participar do processo também, explicou.

Mirian salientou que foi possível alcançar mais de 5 mil escutas e que o número expressivo surpreendeu a equipe, porque a adesão foi muito boa.

Sínodo é um farol – Estar participando desse encontro, para Mirian, é uma experiência grandiosa. “Ouvir as outras pessoas, ouvir os outros países e perceber lendo o documento da etapa continental que são as mesmas angústias, as mesmas dificuldades que a Igreja enfrenta no mundo inteiro, mas que as esperanças também são grandes”, salientou.

“Esse Sínodo é uma grande luz, um farol que vai estar aceso na igreja por muito tempo. E eu acredito muito nisso, amo muito a minha Igreja e estou aqui a serviço”.